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O álcool e as drogas destroem a família
Sempre que falamos sobre o problema da dependência química, obviamente, uma das primeiras coisas que vem à mente é o usuário de drogas. Porém, ele não é o único impactado por essa tragédia social.
No âmbito familiar, para cada usuário de drogas existem mais quatro pessoas afetadas, em média, segundo dados do Instituto Nacional de Ciência e Tecnologia para Políticas Públicas do Álcool e outras Drogas (Inpad), atingindo 28 milhões de brasileiros aproximadamente.
A dimensão da consequência que o uso de drogas provoca no núcleo familiar é raramente abordada pela mídia e governantes, ou estudada por pesquisadores na proporção que deveria. A família, ao mesmo tempo em que é um dos pilares na luta contra a dependência química, é um dos grupos mais afetados por ela em diversos aspectos, necessitando de apoio específico.
De acordo com estudos recentes, 22% da população brasileira foi vítima de violência doméstica na infância, sendo que, em 20% dos casos, o abusador estava alcoolizado. A cocaína está associada a 31% dos casos de violência física na infância, enquanto a maconha está ligada a 12% das ocorrências do tipo. Se hoje o Brasil infelizmente não dispõe de recursos e de uma política de drogas eficiente no que diz respeito à prevenção e tratamento para usuários, o que dizer então de iniciativas voltadas aos seus familiares?
Os números acima mostram apenas parte do problema que, por si só, já são alarmantes. São pessoas que necessitam de suporte para lidar com o uso de substâncias psicoativas por um pai, mãe ou filho, diminuindo as possibilidades de violência e desenvolvimento de transtornos emocionais provocados pela situação.
A família é um dos principais pilares na luta contra a dependência química e nossos governantes precisam prestar atenção nesse público específico, que não sabe lidar com tal circunstância. A qualificação de pessoas para se comunicar assertivamente com seus parentes sobre drogas é crucial, porém nas metrópoles os programas públicos que oferecem esse tipo de recurso são escassos.
Ainda segundo dados da pesquisa, 8% da população foi exposta ao consumo de drogas ilícitas no ambiente familiar, o que, sem dúvidas, contribui para a preocupação com o modelo que nossas crianças estão vivenciando. Aproximadamente metade dos jovens que entre 14 e 25 anos consome bebidas alcoólicas, número que passa a 26% entre menores de idade. 36% dos jovens fazem uso nocivo do álcool semanalmente e quase 5% afirmou ter usado maconha.
Quando analisamos o quadro por completo, vemos um problema complexo, porém, com solução. Parte dela deve começar na escola, como parte do currículo escolar, com a aplicação de orientações sobre prevenção ao uso de substâncias e à violência. Além disso, é fundamental propiciar às famílias orientações sobre como lidar com as drogas, principalmente as que tiverem integrantes usando substâncias psicoativas. Os pais são os melhores agentes de prevenção que temos. Isso é investir em prevenção e tratamento, que se caracteriza como uma das principais formas de combater o problema das drogas, evitando inclusive o encarceramento de usuários, que está longe de ser a solução.
Mas, tais medidas, só serão eficazes se os governos adotarem políticas claras de prevenção. Do jeito que o debate é conduzido hoje, de forma improdutiva e sem ações concretas, continuaremos apostando em políticas que simplesmente não dão resultados. Agora, ações como a conscientização e educação da população sobre uso de substâncias psicoativas, aliadas à oferta de atendimento de qualidade contra a dependência química, essas sim, provocarão uma profunda mudança em nosso país.
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