29
abr
Imagem ilustrativa
Um ano depois do Estado de Minas iniciar o acompanhamento por seis meses de 10 usuários de crack, rotina relatada nas páginas do jornal entre 12 e 15 de agosto de 2013, a reportagem reencontrou oito desses personagens e constatou que na guerra contra o vício as batalhas são extremamente difíceis, retratadas nos exemplos da maioria dos entrevistados. Entre tropeços e retomadas, seis pessoas ainda levam suas vidas alternando momentos de abstinência e abuso da droga, em um mundo de trevas e sombras típico de pelo menos 1,3 milhão de brasileiros, segundo o Levantamento Nacional de Álcool e Drogas referente ao ano de 2012. O dono de bancas de jornal Wagner, ex-interno da Clínica Terapêutica Quintino, é um deles.
Wagner
Dono de bancas de jornal, Wagner Patrocínio foi encontrado pela reportagem quando alternava a presença em uma cracolândia na Pampulha com momentos amparado pela mulher. Depois de seis meses acompanhado, Waguinho tentou fugir três vezes de uma clínica em Ribeirão das Neves e foi levado pela esposa, a funcionária pública e ativista de direitos humanos Ângela Chaves Pereira, para se tratar em Patos de Minas.
Depois de muita insistência, Ângela conseguiu internar Wagner em agosto, depois que ele estava havia um ano usando crack e praticamente vivendo na rua. A internação na Clínica Quintino foi involuntária, ou seja, contou com indicação médica, mas deu-se contra a vontade do paciente. A decisão de internar o marido à força trouxe ainda mais problemas para a esposa. “Ele ficou muito bravo comigo porque sabe que só eu posso tirá-lo de lá”, desabafa.
Ângela passou a ser chantageada por Waguinho a cada visita mensal e nos telefonemas autorizados pela clínica, onde ele ficará internado até janeiro. “Foi um tempo de estresse e de tensão. Ele me pressionando, e eu tendo que servir de escudo contra toda a revolta dele e as fissuras pela droga. Mas graças a Deus, em momento algum pensei em tirá-lo antes do tempo”, contou a uma amiga em uma rede social.
Hoje, abril de 2016, Wagner continua a viver em Belo Horizonte, mas bem longe das drogas e próximo do trabalho e da família.
Tratamento difícil
Para o médico Valdir Campos, da Comissão de Controle de Drogas da Associação Médica de Minas Gerais, os insucessos no tratamento do crack podem ser explicados pela dificuldade de se obter tratamentos em rede. “A dependência química não pode ser vista só como uma questão biológica. Isso é parte do problema. Temos ainda o fator psicológico e as questões sociais, que interferem diretamente no problema”, diz o especialista.
Problemas com drogas ou álcool? Vamos te ajudar! Entre em contato conosco.
Matéria completa: http://www.em.com.br/app/noticia/gerais/2013/12/16/interna_gerais,479658/saiba-como-estao-10-usuarios-de-crack-acompanhados-pelo-em-em-seis-meses.shtml
20
abr
Crianças e adolescentes no Brasil estão entre os mais vulneráveis à iniciação ao tabaco, maconha, álcool e crack. O consumo de álcool, por exemplo, começa aos 10 anos, ainda na infância. Estas informações alarmantes vêm do 37º Congresso Brasileiro de Pediatria. No entanto, os médicos comemoram que o assunto seja colocado em pauta em um evento de saúde. Para eles, é o primeiro passo para a prevenção.
O tema será abordado pelo pneumologista pediátrico João Paulo Becker Lotufo. Seu estudo considerou 6.500 alunos do ensinos Médio e Fundamental de dez colégios no bairro do Butantã, em São Paulo. Segundo ele, na turma de adolescentes do último ano do Ensino Médio, cerca de 25% fuma, 59% inicia a ingestão de álcool, 20% experimenta a maconha e 5% tem contato com o crack.
A intenção é ampliar a discussão sobre o assunto dentro das casas, entre pais e filhos, para prevenir futuros envolvimentos. O projeto foi realizado com entrevistas de cerca de dois a quatro minutos em média com os jovens. O médico distribuiu livretos de acordo com a faixa etária do aluno, com conselhos breves.
Para Valdi Craveiro Bezerra, pediatra da Associação Brasileira de Pediatria, é importante falar sobre a prevenção das drogas ainda na infância. Isto porque o meio que o jovem vive influencia na escolha de experimentar ou não.
Ele explica que há uma vulnerabilidade relacionada à herança dos genes dos pais com sensibilidade para certos transtornos mentais. O meio em que o indivíduo está inserido é essencial na prevenção e no tratamento. Há jovens que podem ser mais propícios ao consumo por causa da vida que leva, das influências, da falta de diálogo em casa. Isso pode ser prevenido com esclarecimentos na família e na escola.
13
abr
O passo mais difícil para uma pessoa viciada em álcool é assumir o problema. A família, então, passa a tentar convencê-la de que precisa de tratamento, porém, a resistência continua na maioria das vezes.
Para a terapeuta e coach Erica Aidar, o que os familiares devem fazer é procurar ajuda profissional para receberem orientações de como lidar com o alcoolismo, considerado a “doença da negação”, pela dificuldade da pessoa em admitir o vício.
A terapeuta dá algumas dicas para minimizar os danos psicológicos em parentes que sofrem com o vício em bebidas alcoólicas:
Apoie o familiar:
É importante fazer com que a pessoa se sinta aconchegada e acolhida em casa, mas deixe claro que o vício não é bem-vindo.
Incentive a buscar um profissional
O fato de seu familiar beber, não significa que você é o culpado. Mostre para ele o quanto se importa e o quanto é importante para você e para ele a ajuda de um especialista.
Não incite o vício:
Evite criar situações que propiciem uma recaída para o alcoolismo. Evite ainda levar em bares, comprar bebidas alcoólicas ou até mesmo as oferecer em comemorações e eventos. Mantenha-o responsável por suas próprias ações.
Sempre por perto
Busque ajuda de um profissional e participe de reuniões de AA (Alcoólicos Anônimos) junto com o parente. Quanto mais próxima a família estiver, maiores são as chances de que a pessoa não desista do tratamento.
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06
abr
Depois de 36 anos de dependência química e oito internações, apenas uma delas voluntária, A.R., de 53 anos, conseguiu se desvencilhar do hábito diário de consumir cocaína. Hoje, tem dois anos e cinco meses que ele está limpo, com a ajuda dos Narcóticos Anônimos (NA).
A.R., assim como outros usuários, começou pelo álcool aos 14 anos. Em seguida, experimentou a maconha, que só fumava nos fins de semana. O vício foi tornando-se mais intenso e, antes dos 20 anos de idade, já conhecia os efeitos da cocaína injetável, que, segundo ele, naquela época, era mais pura e causava mais mortes por overdose. “A gente usa droga porque é gostoso. Se não fosse, ninguém usava. Esta história de fugir de problema é conversa. Eu usei porque era bom, fazia me sentir o cara. Só que chega um ponto que o descontrole é tão grande que passa a ser nocivo.”
Em mais de três décadas, A.R. traficou, viu seu sonho de fazer curso superior se desmoronar e seu primeiro casamento ruir devido às drogas. “Minha esposa não aguentou. Fiquei apenas dois anos com ela e tivemos duas filhas. Hoje, uma tem 32 e a outra, 30 anos. E tenho um neto. Meus filhos viram tanta porcaria devido a meu vício, que nenhum deles entrou nessa”, orgulha-se, para logo lembrar que precisou abandonar a segunda companheira, com quem também teve dois filhos, para poder largar as drogas. “Ela também é usuária. Ficamos 27 anos, mas tive que deixá-la.”
A vida de A.R. começou a mudar depois que ele foi preso. “Meu clique aconteceu quando estava na Penitenciária Ariosvaldo Campos Pires, quando fiquei dois anos sem ver minha família, para cumprir pena por tráfico e receptação, de 2005 e 2008. Lá percebi que estava vestindo uma fantasia de bandido, vi muitas pessoas morrerem. Pensei: estou no lugar errado. Tinha que rugir como leão para sobreviver”.
A mudança
Como tinha instrução, A.R. passou a escrever cartas dentro do presídio para detentos que eram analfabetos. Nas histórias dos outros, ele se achou. “Com as cartas, fui tomando consciência de mim, da minha própria vida. Passei a incentivar os detentos a aprender. Foi assim que comecei a me encontrar e ver que poderia ajudar alguém, fazer diferença na vida de outras pessoas. Quando passei para o regime semiaberto, entrei no Narcóticos Anônimos”, relata.
“No início, achei que era tudo comédia. Ficava vendo aquele monte de gente olhando para mim, tive recaídas. Mas, com o passar do tempo, toda a filosofia foi sendo absorvida e me salvou. Hoje estou escrevendo um livro para contar essa história. Quero publicá-lo para servir de exemplo para outras pessoas”, almeja A.R.
Narcóticos Anônimos
“O NA me ensinou a abraçar uma outra pessoa. Antes, eu só conversava à distância. Agora, eu tenho respeito pelo outro e por mim, e isso foi fundamental para minha recuperação.”
Antes de terminar a entrevista, A.R. menciona a felicidade que sentiu horas antes, ao presenciar uma cena comum à rotina de muitas famílias, mas, por muito tempo, desconhecida da família dele. “Hoje, após o almoço, fiquei admirando meus pais, a quem tanto fiz sofrer, tirarem um cochilo tranquilo. É uma paz que me deixa transbordando de alegria.”
Fonte: Tribuna de Minas
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