21
jan
A descriminalização da maconha no Uruguai reacendeu velhas discussões, preocupações e mesmo alguns preconceitos nos vizinhos brasileiros. Maconha faz mal ou faz bem, deixa o raciocínio mais lento, melhora ou piora o desempenho acadêmico, pode tratar depressão, ansiedade, ou piorar os sintomas? Esse tipo de questionamento surge em meio a estudos que ora apontam os danos, ora exaltam benefícios do uso medicinal da planta, mas não há uma resposta simples. O que se sabe é que o fato de o uso da Cannabis sativa não estar legalizado no Brasil não interfere no seu consumo em diferentes faixas etárias – inclusive por jovens em idade escolar e universitária.
No I Levantamento Nacional sobre Uso de Álcool, Tabaco e Outras Drogas entre Universitários das 27 Capitais Brasileiras, realizado em 2010 pela Secretaria Nacional de Políticas sobre Drogas e pelo Grupo Interdisciplinar de Estudos de Álcool e Drogas da Faculdade de Medicina da Universidade de São Paulo (USP), a maconha apareceu como a substância psicoativa mais consumida entre estudantes de instituições públicas e privadas. Outra pesquisa, realizada em 2013 pelo Projeto Este Jovem Brasileiro, do Portal Educacional em parceria com o psiquiatra Jairo Bouer, com jovens de 12 a 17 anos em 64 escolas particulares brasileiras, aponta que 10% dos entrevistados já usaram a droga, sendo 22% entre os 12 e 13 anos. Os que fumam todos os dias equivalem a 18%. Esse mesmo estudo mostra que, em sala de aula, dificuldade de concentração (49%), ansiedade (47%) e irritação (44%) são as emoções que mais incomodam entre todos os entrevistados, seguidas por tristeza e desânimo (30%). Os dados informam também que 35% têm dificuldade em entender a aula, e 13% já foram reprovados.
Frente aos resultados, Bouer apontou que haveria uma relação entre quem já experimentou maconha e as mudanças nas emoções. Para ele, a droga parece aumentar ansiedade, tristeza, desânimo, dificuldade em se concentrar e entender as disciplinas. “A pesquisa mostra que o índice de reprovação chegou a 31% entre os que já fumaram. Ou seja, maconha e rendimento na escola parecem definitivamente não combinar”, conclui Bouer.
Já o neurocientista João Menezes, médico e professor do Instituto de Ciências Biomédicas da UFRJ, avalia de modo diferente esse tipo de dado que relaciona o uso da maconha com mau desempenho escolar. Ele compreende que é difícil dissociar em um estudo o que é de fato resultado da droga e o que é consequência da proibição da mesma. “Temos que lembrar do contexto social. Não existe pesquisa sobre isso livre do contexto marginal, de proibição e estresse causados pela criminalização. O estresse também afeta muito o aprendizado. Então, como saber se o efeito foi da maconha ou do estresse?”, questiona o membro da Sociedade Brasileira de Neurociências e Comportamento.
Menezes assinala, contudo, que o uso mais seguro da Cannabis, nos países em que ela é regulamentada para uso terapêutico, é voltado para adultos – ainda que haja aplicações para jovens, mediante avaliação médica – uma vez que eles são menos suscetíveis aos efeitos negativos da planta. Ele lembra, ainda, que por afetar a memória de curto prazo, a maconha pode comprometer habilidades necessárias no contexto escolar. Além disso, o contato precoce com a maconha também pode agravar doenças psiquiátricas, além de aumentar as chances de dependência.
Foi divulgado, em 2013, um estudo que avaliou os efeitos da maconha no processo de aprendizagem em jovens de quatro colégios da cidade de Santiago, no Chile. O trabalho, realizado por cientistas da Clínica de Las Condes, da “La Esperanza” Corporation for Drug Prevention e dos departamentos de Psiquiatria e Saúde Mental e de Ciências Sociais da Universidade do Chile, dividiu em dois grupos consumidores exclusivos da planta e não consumidores, mantendo constantes as variáveis de coeficiente intelectual e nível socioeconômico. A pesquisa concluiu que os usuários da droga mostraram déficit em habilidades cognitivas associadas ao processo de aprendizagem, como atenção, concentração, integração visuoespacial, retenção imediata e memória visual, observadas a partir de neuroimagem.
Alterações no cérebro
Um estudo da escola de medicina da Northwestern University, nos Estados Unidos, publicado em dezembro na revista científica Schizophrenia Bulletin, apontou que adolescentes entre 16 e 17 anos que fumaram maconha diariamente por cerca de três anos apresentavam alterações nas estruturas cerebrais relacionadas à memória, e tiveram mau desempenho em atividades em que a memória era requisitada. O estudo mapeou regiões chave na substância cinzenta subcortical do cérebro de usuários crônicos da erva e relacionaram anormalidades nessas áreas com danos na memória funcional, que é a habilidade de lembrar e processar informações no momento e, se necessário, transferi-las para a memória de longo prazo. As alterações constatadas seriam semelhantes às relatadas em pacientes com esquizofrenia.
Segundo o estudo, quanto mais jovens os indivíduos quando começaram a usar maconha cronicamente, mais as regiões do cérebro apresentavam modificações. No entanto, como a pesquisa examinou uma área por vez, seria necessário um estudo longitudinal para provar que a substância de fato modificaria o cérebro e causaria danos.
Fonte: Terra
06
jan
Obesidade, alcoolismo, obstrução nasal, tabagismo e alterações na anatomia da garganta podem ser a causa do ruído que incomoda a tantos. É preciso atenção com a apneia do sono.
Se você não ronca, com certeza conhece alguém que sim. Causa comum na população mundial, o ronco pode ter várias causas, sendo as principais a obstrução nasal, a obesidade, o alcoolismo, o tabagismo e as alterações anatômicas na garganta.
Segundo Levon Mekhitarian Neto, membro da Sociedade Panamericana de Otorrinolaringologia e especialista brasileiro no tratamento dos distúrbios respiratórios do sono, esses fatores que causam o ronco podem acontecer isolados ou associados.
“O ronco em si não tem um caráter perigoso, diria apenas que é um alerta para algo mais grave, pois pode estar associado à apneia do sono”, explica Neto. A apneia é o que acontece quando a pessoa literalmente para de respirar durante o sono, durante alguns segundos.
Mas o ronco não atinge só a população adulta. Algumas crianças já roncam com os mesmos decibéis de gente grande. Neto explica que a causa mais comum é o aumento das amídalas ou das adenoides, popularmente conhecidas por ‘carne esponjosa’. “Não deve ser descartado também a obesidade muito comum em crianças nos dias de hoje”, explica. O perigo está na ocorrência da apneia, que altera o sono e traz sérios prejuízos no crescimento e desenvolvimento da criança. “Nessa caso, a retirada das amídalas e da adenoide resolve plenamente o problema.”
Para aquelas pessoas que passam a roncar ao longo dos anos, Neto explica que pode ser que haja alguma alteração nos hábitos que levem a isso, como o aumento acentuado de peso. “Além disso, pode haver uma alteração na anatomia da via aérea, como um trauma nasal ou aumento das amídalas”, explica, ressaltando que a consulta com um especialista é muito importante.
O médico avaliará o real motivo do ronco e procurará corrigir as causas. “Não se pode pensar em um tratamento para o ronco sem pensar no caráter multifatorial da condição”, conclui o médico.
Fonte: Mídia News
26
dez
Os dependentes químicos precisam ter muita força de vontade e de um tratamento adequado nesta época do ano, com a chegada das festas de Natal e Réveillon.
Muitos dependentes químicos que lutam contra o vício, acabam desistindo do tratamento por causa das festas e das bebidas, que são um passo para outras drogas. Junto com as comemorações de fim de ano vêm as recaídas. Cada minuto desse dependente vale muito, por isso a família deve valorizar a auto-estima dessa pessoa para que ela se mantenha a cada dia de uma maneira positiva e sem drogas.
União
É importante que os dependentes de uma comunidade terapêutica passem juntos esse período. Apesar da tristeza por ficarem distantes da família, o risco de sair no meio do tratamento é muito grande.
Uma vez dependente químico, seja de qual droga for, ao por o álcool na boca irá consequentemente sentir falta da substância que lhe dava prazer. Então o grande erro é achar que depois de um tempo limpo pode consumir álcool e isso acaba acionando a memória tóxica e aí voltam as drogas.
Cuidados
O álcool não deve ser usado nem mesmo para temperar a comida. Vinagre só a base de frutas e as bebidas são apenas sucos e refrigerantes. Deve ser o tempo todo assim, porque a bebida é a droga que está ao alcance da mão, em todo o lugar.
Deve-se evitar lugares com bebidas e drogas. O melhor é ficar junto à família, pois eles sabem da dificuldade.
Fonte: Expresso MT
24
dez
A exposição pré-natal a qualquer tipo e quantidade de bebida alcoólica pode acarretar problemas graves ao bebê, até mesmo surgir tardiamente e ainda se perpetuar na fase adulta. A Síndrome Alcoólica Fetal (SAF) apresenta diversas manifestações, desde alterações comportamentais até malformações congênitas neurológicas, cardíacas e renais. Contabiliza, no mundo, de 1 a 3 casos por 1000 nascidos vivos. No Brasil não há dados oficiais no país sobre a afecção.
“Importante ressaltar que o melhor caminho é a prevenção. Não há qualquer comprovação de uma quantidade segura de bebida alcoólica que proteja a criança de qualquer risco. Neste caso, a gestante ou a mulher que pretende engravidar deve optar por tolerância zero à bebida alcoólica”, destaca a dra. Conceição Aparecida de Mattos Segre, coordenadora do Grupo de prevenção dos efeitos do álcool na gestante, no feto e no recém-nascido da Sociedade de Pediatria de São Paulo (SPSP).
Características
O conjunto de efeitos decorrentes do consumo de álcool, em qualquer dosagem ou período da gravidez, é chamado de “espectro de distúrbios fetais relacionados ao álcool”, que inclui a SAF. A frequência dessas implicações varia conforme etnia, genética e até mesmo a quantidade ingerida. Isso não significa que todos os bebês expostos serão afetados, mas a probabilidade é alta.
“Bebês com SAF têm alterações bastante características na face, as chamadas dismorfias faciais. Além disso, faz parte do quadro o baixo peso ao nascer devido à restrição de crescimento intrauterino e o comprometimento do sistema nervoso central. Essas são as características básicas para o diagnóstico no período neonatal”, comenta dra. Conceição.
No decorrer do desenvolvimento infantil, o dismorfismo facial atenua-se, o que dificulta o diagnóstico tardio. Permanece o retardo mental (QI médio varia de 60 a 70), problemas motores, de aprendizagem (principalmente matemática), memória, fala, transtorno do déficit de atenção e hiperatividade, entre outros. Os adultos demonstram problemas de saúde mental em 95% dos casos, como pendências com a lei (60%); comportamento sexual inadequado (52%) e dificuldades com o emprego (70%).
Diagnóstico e tratamentos
Em São Paulo, o Grupo da SPSP cria ações para conscientizar os pediatras, com distribuição de material em eventos científicos, publicações disponíveis na internet aos associados da SPSP e cursos voltados para equipes multidisciplinares de capacitação para reconhecimento e condutas nesses casos.
Nos Estados Unidos e Canadá, existe um teste que identifica produtos do álcool no mecônio ou cabelo do recém-nascido. É uma técnica de alto custo, que ainda não está disponível no Brasil.
“Sabemos que o diagnóstico precoce da doença melhora os resultados obtidos por meio de tratamento multidisciplinar ainda na primeira infância. Vale lembrar que os efeitos do álcool ocasionados pela ingestão materna de bebidas alcoólicas durante a gestação não têm cura, por isso vale a máxima, o quanto antes parar, melhor para a gestante e para o bebê”, completa dra. Conceição.
07
out
Pesquisa americana apontou que jovens que consomem muita bebida alcoólica vão sofrer na hora de tomar alguma decisão no futuro.
O abuso de bebidas alcoólicas na adolescência pode ter efeitos danosos no processo de tomada de decisão na vida adulta. A afirmação é de um estudo feito por pesquisadores da Universidade de Washington, nos Estados Unidos.
Na pesquisa, ratos adolescentes ingeriram boa quantidade de álcool inserido em gelatinas. O consumo se deu durante 20 dias do período de crescimento dos animais, que tinham entre 30 e 49 dias, fase correspondente à adolescência em humanos.
Três semanas depois, os ratos foram colocados em um ambiente em que podiam escolher entre dois locais para se alimentar, ambos acionados por alavancas, um que tinha sempre duas balas de açúcar ou outro que poderia ter quatro balas ou nenhuma.
O grupo deu preferência para a área de alimentação incerta. Um segundo grupo, que não ingeriu álcool, foi colocado em ambiente semelhante e os animais preferiam escolher o local em que sabiam que sempre haveria as duas balas.
Os animais que ingeriram álcool na adolescência continuaram a optar pela incerteza na recompensa, mesmo quando as vezes em que eram colocadas mais balas diminuíram de 75% para 50% e, finalmente, para 25% do total. Ou seja, ainda que em apenas uma a cada quatro vezes o alimentador oferecesse mais balas, os ratos continuavam a optar por pressionar tal alavanca. O resultado é que os animais do outro grupo se alimentaram constantemente e melhor.
O objetivo do estudo, que teve apoio financeiro dos institutos nacionais de Abuso de Drogas e de Abuso de Álcool e Alcoolismo do governo norte-americano, foi verificar se o consumo de álcool em níveis elevados durante a adolescência poderia afetar futuramente as áreas no cérebro envolvidas no processo de decisão.
De acordo com os autores, os animais que consumiram álcool enquanto jovens se mostraram mais propensos a tomar decisões arriscadas do que os demais. O teste de recompensa, com a alimentação constante e com a desconhecida, foi repetido quando os animais atingiram os três meses de vida, com resultados semelhantes.
“Sabemos que a exposição precoce ao álcool e outras substâncias é um indicador de posterior abuso químico em humanos. É um conceito novo pensar que a exposição na adolescência pode ter efeitos cognitivos de longo prazo, mas não podemos testar isso em pessoas”, disse Nicholas Nasrallah, um dos autores do estudo.
“Mas nosso modelo, que envolveu o uso de ratos, corrobora a relação causal entre o uso precoce do álcool e o posterior aumento nas tomadas de decisões arriscadas”, afirmou.
“O modelo animal que utilizamos permite estabelecer essa relação. Estudos apontam que regiões do cérebro, incluindo aquelas envolvidas na tomada de decisões, demoram para se desenvolver e o processo se alastra pela adolescência. Nosso estudo indica que as estruturas envolvidas nesse desenvolvimento tardio são afetadas pelo abuso do álcool”, disse Ilene Bernstein, professora de psicologia da Universidade de Washington, outra autora do estudo.
27
set
Os problemas relacionados às drogas não são atuais, mas sim a atenção dada a essa questão no Brasil, afirma o médico Luiz Alberto Chaves de Oliveira, diretor da Coordenadoria de Atenção às Drogas da Cidade de São Paulo (CDR) e especialista na prevenção e tratamento de dependência química. Segundo ele, há sete anos não são realizadas pesquisas epidemiológicas de ordem geral no país. A primeira e última realizada datam de 2001 e 2005 e, desde então, só existiram pesquisas específicas de um grupo ou de uma comunidade.
Sobre a questão, “o grande problema do Brasil, diferente do que muitos pensam, são as drogas legalizadas. São o álcool, o tabaco e os medicamentos, e isso é o que a epidemiologia nos aponta”, afirmou Oliveira. Segundo ele, ao se escolher prioridades na atuação política, é preciso levar em consideração o que mais atinge a população e aquilo que mais impacta na qualidade de vida.
Entre as situações estudadas, o médico afirma que o álcool, por exemplo, é responsável por 50% da violência doméstica. Sobre a bebida, Oliveira diz que além da questão cultural quanto ao seu uso, existe uma forte propaganda no Brasil, um “chamamento para o consumo”, em suas palavras. Ainda considera que em 80% dos casos de dependência química, a atenção ambulatorial ao dependente é mais adequada do que a sua internação.
Fonte: Rede Brasil Atual
26
set
De todos os assuntos que preocupam os pais, o consumo de drogas com certeza é um dos mais graves. O psiquiatra e especialista em dependência química Dr. Gustavo Teixeira cita pesquisas que revelam que os jovens costumam experimentar álcool e tabaco por volta dos doze anos de idade, enquanto o uso de maconha e cocaína costuma acontecer entre os quatorze e quinze anos de idade. Outro dado assustador é a constatação de que a experimentação de drogas ilícitas por estudantes, excluindo-se álcool e tabaco, se situa em torno de 22%. Isso quer dizer que, na média, praticamente um em cada quatro adolescentes já experimentou algum tipo de droga ilícita durante a vida.
Mas como saber se o seu filho de fato está usando drogas?
De acordo com o psiquiatra, não existem regras, mas normalmente são observadas mudanças comportamentais comuns entre os jovens que iniciam o uso da droga. Uma das primeiras observações são as alterações de personalidade e de humor. “Esse adolescente pode passar a se apresentar constantemente irritado, com baixo limiar de frustração e impulsivo. Sintomas disruptivos como quebra de regras, brigas frequentes com os pais, comportamento irresponsável acompanhado de falta de motivação pelas atividades e baixa autoestima também ocorrem frequentemente”, explica ele.
Na escola pode haver perda de interesse, queda de rendimento escolar, atitude negativista, atrasos e faltas injustificáveis, problemas de disciplina, envolvimento com colegas usuários de drogas, grande mudança na aparência física, vestimentas e apresentação pessoal. Fora os sintomas comportamentais, também é importante observar os sintomas físicos, como fadiga, problemas de sono, dores de cabeça, enjoos, mal-estar, além da perda de cuidados com higiene pessoal ou abandono dos esportes que antes praticavam.
Fatores de risco
Segundo o Dr. Teixeira, o uso problemático de drogas está relacionado a uma série de características, sendo que quanto mais fatores de risco esse jovem tiver, maiores serão as chances de envolvimento com drogas. “Na verdade, a adolescência é uma fase complicada do desenvolvimento, onde aquela pessoa não é mais uma criança, entretanto ainda não se tornou um adulto. Um furacão de mudanças comportamentais e físicas ocorre no corpo e na mente dos adolescentes, mediado por uma descarga imensa e intensa de hormônios sexuais que passam a modificar completamente o corpo deles”, diz ele.
O psiquiatra explica que o jovem está buscando sua identidade, sua individualidade, fazendo novas experiências, questionando, duvidando e muitas vezes brigando e lutando por questões que julga importantes. Nessa fase o adolescente não aceita mais passivamente as determinações e orientações de seus pais, existe uma tendência de maior identificação com o grupo de amigos, são mais impulsivos, curiosos, mais aptos a seguir as opiniões dos colegas e todos esses fatores podem impulsionar o jovem a buscar novas experiências, sensações e prazeres.
Logo, a adolescência é uma fase complexa do desenvolvimento físico e mental pela qual toda criança irá passar e um dia todo esse conjunto de fatores irá agregar o que poderia se chamar de um “ambiente facilitador” para a experimentação das drogas. A facilidade com que as drogas são ofertadas no meio acadêmico, nas festas e nas próprias ruas, em bares e lanchonetes que vendem álcool e cigarros indiscriminadamente para menores de dezoito anos de idade, mesmo sendo proibido pela legislação federal, torna o controle ainda mais difícil. Segundo o psiquiatra, outro fator importante para o início do uso de álcool e drogas pelos adolescentes são as influências dos modismos. “A juventude contemporânea e nossa própria sociedade encaram o consumo alcoólico durante eventos esportivos, como Copa do Mundo, ou eventos sociais, a exemplo do carnaval, Réveillon ou outras festividades, como um comportamento normal, sendo praticamente uma regra obrigatória a presença de álcool nesses momentos”, diz.
Papel da família
O psiquiatra ressalta a importância do papel da família do jovem nessa fase de experimentações. O lar onde esse adolescente está inserido pode representar um fator de proteção ou de risco ao envolvimento com as drogas. O fator genético influencia: filhos de pais dependentes de álcool ou drogas possuem até quatro vezes mais chances de se tornarem dependentes quando comparados com filhos de pais não usuários de álcool e drogas. Os fatores ambientais também são levados em consideração. Logo, filhos vivendo em ambientes domésticos caóticos e doentes, onde convivem diariamente com pais alcoólatras, usuários de drogas, agressivos, violentos, negligentes, hostis, desafiadores e onde não há diálogo nem respeito mútuo, correm um risco maior de abusar de drogas e álcool na época da adolescência.
Por todos esses motivos, é importante a existência de uma família estável para o jovem, na qual um diálogo franco e honesto possa existir. “Uma criança que vive em um ambiente doméstico sadio e seguro, onde as normas e regras sociais sejam ensinadas por seus pais, conceitos éticos e morais sejam passados aos filhos para a formação de um jovem responsável, seguro de seus deveres e responsabilidades, sabendo lidar com a questão dos limites, dos problemas cotidianos, lidando com suas frustrações, recebe uma base importante e eficaz para evitar o envolvimento com as drogas”, diz o Dr. Teixeira.
Jovens com baixa autoestima, inseguros, tímidos, retraídos, desajeitados e que não conseguem se destacar nos estudos, nos esportes nem nos relacionamentos sociais são mais aptos ao envolvimento com as drogas, portanto a identificação precoce desses perfis psicológicos e comportamentais será de grande importância para a prevenção ao uso de álcool e drogas. Além desses perfis psicológicos, estudos também comprovam que jovens que apresentam transtornos comportamentais diagnosticados como depressão, ansiedade, transtorno de déficit de atenção/hiperatividade e transtornos disruptivos do comportamento apresentam incidências mais elevadas de envolvimento problemático com drogas quando comparados com jovens sem esses diagnósticos. Portanto, o tratamento dessas condições concomitantemente com o trabalho de prevenção será de grande importância prognóstica para o desenvolvimento sadio do adolescente. Outras características comportamentais comumente encontradas em jovens com risco de uso de drogas incluem impulsividade, agressividade, níveis baixos de evitação de perigo e menor religiosidade.
Outro aspecto familiar importante de se observar é que aquele pai que acredita que simplesmente dizendo ao seu filho através de um discurso simplista e hipócrita que as drogas fazem mal, matam, está cometendo um erro educacional grave. “O jovem nessa complicada, inevitável e importante fase de desenvolvimento não irá tolerar imposições e determinações passivamente. Será muito mais fácil para esse adolescente dar ouvidos ao amigão que diz que o álcool lhe deixará relaxado, tranquilo e menos tímido para conquistar as garotas, por exemplo”, explica o psiquiatra.
O diálogo franco e livre de preconceitos será um bom mecanismo para a conscientização do jovem a respeito dos perigos das drogas e deve ser encarado como um grande desafio para pais, mães, familiares, professores, amigos e profissionais da saúde que estão em contato com esses jovens.
Dessa maneira pode-se afirmar que a “técnica” que muitos pais utilizam de manter seus filhos em verdadeiras “redomas de vidro” não funciona, pois é fato que o adolescente será exposto ao mundo das drogas. Seja na festa de amigos, no boteco da esquina da escola ou na saída de aula; sendo oferecida pelo colega de sala ou por conhecidos em eventos sociais, é certo que ele terá contato com as drogas. Se o jovem irá utilizá-la ou não, dependerá que quais ferramentas ele possui para julgar se deve ou não experimentá-las.
Como diagnosticar?
Se você desconfia que seu filho está usando drogas, o primeiro passo é tentar conversar com ele e investigar se sua preocupação procede. Caso o jovem confirme o uso, pedindo ajuda, ou caso negue, mas inúmeros indícios colaboram para uma ideia contrária, procure um médico psiquiatra especialista em dependência química ou em psiquiatria infanto juvenil de sua confiança para uma avaliação comportamental completa.
Nessa avaliação comportamental o adolescente deverá ser avaliado de uma maneira global, tentando identificar todos os sintomas suspeitos de envolvimento problemático com álcool e outras drogas, além de uma investigação de outros possíveis transtornos comportamentais que podem estar presentes. Testagens laboratoriais para drogas de abuso podem ser solicitadas durante a investigação. “Caso seu filho tenha utilizado uma droga, isso não significa necessariamente que ele seja um dependente químico. Ele pode estar realizando um uso abusivo da substância, sem ainda um prejuízo muito significativo, logo, quanto mais precocemente descoberto o problema, mais fácil será o tratamento e maiores serão as chances de recuperação do jovem”, finaliza o Dr. Teixeira.
Saiba 12 perguntas que todos os pais, familiares, amigos e professores devem responder sobre o comportamento atual do adolescente.
Elas podem servir de pistas na investigação de um possível envolvimento com álcool e outras drogas. Vale a pena lembrar que essas mudanças não são regras e não significam necessariamente que o jovem esteja envolvido com drogas, mas servem de alerta para uma possível investigação atenta de seu comportamento e atitudes.
✓ O jovem piorou sua aparência pessoal e seus hábitos de higiene?
✓ Utiliza roupas com slogans de apologia às drogas?
✓ Escuta músicas ligadas ao tráfico ou de apologia às drogas?
✓ Fala que fumar maconha ou beber não faz mal à saúde?
✓ Está fumando cigarro?
✓ Está chegando bêbado em casa?
✓ Está frequentando festas raves?
✓ Está dirigindo bêbado?
✓ Apresenta-se mentindo, roubando ou enganando outras pessoas?
✓ Tem se envolvido em brigas?
✓ Tem entrado em atrito familiar constantemente?
✓ Apresenta-se agressivo, revoltado ou nervoso?
Créditos: Gustavo Teixeira é médico psiquiatra infantil, palestrante internacional e escritor psico educacional. Professor visitante do Department of Special Education – Bridgewater State University. Mestre em Educação – Framingham State University. Curso de extensão em Psicofarmacologia da Infância – Harvard Medical School. Pós-graduado em Psiquiatria – UFRJ. Pós-graduado em Dependência Química – UNIFESP. Pós-graduado em Saúde Mental e Desenvolvimento Infantil – Santa Casa do RJ.
Fonte: Guia Montenegro