14
abr
Pesquisas realizadas pelo Centro Brasileiro de Informações sobre Drogas Psicotrópicas (Cebrid), que funciona no Departamento de Medicina Preventiva da Universidade Federal de São Paulo (Unifesp) versam sobre a escalada vertiginosa do alto índice de adolescentes que se embriagam não somente nas grandes cidades, mas também nos rincões mais longínquos e improváveis.
Um dado interessante que foi revelado pelo Cebrid é que a maioria desses jovens é formada por alunos de escolas particulares, o que nos inclina a acreditar que sejam oriundos de famílias estruturadas financeiramente. De certa forma, somente isso, pois é praticamente impossível imaginarmos que uma família onde o filho adolescente se esbalda na bebida alcoólica apresente algum outro tipo de estrutura que não somente a financeira.
Detalhe: a pesquisa havia sido realizada no ano de 2008 e divulgada em 2010. Imaginem nos dias atuais como isso estará.
Por outro lado, também não podemos radicalizar. Devemos sim, considerar as diversas circunstâncias que levam um adolescente a adotar um comportamento tão nocivo para ele e para a sociedade. Mas francamente, seria hipocrisia da nossa parte jogarmos a responsabilidade para cima dos motivos de força maior.
Além disso, há um pequeno detalhe que nos coloca contra a parede: fomos nós quem os concebemos, os pais. Portanto, é de nossa inteira e absoluta responsabilidade toda e qualquer ação maléfica protagonizada pelos nossos filhos, pelo menos até que a “moral e a norma legal nos separem”. Ou nos resta alguma dúvida quanto a isso?
É muito cômodo dizermos que “Fulaninho” está revoltado com a separação dos pais, “Beltraninho” está infeliz com o baixo rendimento na escola e que eles, por esse ou aquele motivo, recorreram à bebida. Façam-nos o favor, paremos por aí! Onde estamos numa hora dessas? Estamos separados/divorciados, trabalhando demais para poder pagar a escola, a prestação da casa, do carro. Então façamos o seguinte: entremos num acordo, embora separados; negociemos com a escola, com o banco, com a financeira.
O que não podemos é perder nossos filhos para a rua e a bebida, pois sabemos que se eles não aprenderem o caminho da retidão em casa, apesar dos inúmeros percalços que possam se apresentar, aprenderão na rua.
Porém, na rua não mostrarão o caminho a eles com a dedicação que, logicamente em razão do laço familiar, nos é natural – pelo menos é o que os paradigmas nos fazem acreditar. As pessoas ensinarão “abaixo do mau tempo” – falando de forma branda –, pois sabemos que coisas muito mais graves podem acontecer.
Tudo bem, assumimos a nossa meia culpa, mas cadê as autoridades? Isso mesmo, AUTORIDADES. Adiantará a nossa reação para alguma coisa,se não contarmos com a presença efetiva do Estado nas ruas, nos bares, nos supermercados, na fiscalização e consequente autuação dos comerciantes gananciosos e inescrupulosos? Isto é, aqueles mesmos comerciantes que debocham do Estatuto da Criança e do Adolescente (ECA) e, sabidamente, das autoridades.
Assim, enquanto não enxergarmos o problema, não encontraremos soluções. E agora? Perceberam a complexidade? Nossos adolescentes estão bebendo cada vez mais, sob os mais variados argumentos. Vamos reagir?
Vamos conversar? Estado, você quer participar da nossa luta?
* acadêmicos da UFMS
Fonte: Gazeta de São João Del Rei
08
abr
31
mar
Em uma daquelas histórias de superação que mostram como é possível vencer a batalha contra o vício das drogas. Celso Langner Junior, 33 anos, que foi viciado em crack durante quase duas décadas, hoje está livre da dependência química graças a suas habilidades manuais. “Trabalho com madeira, tijolo, massa, ferro, parte elétrica, telha e mais um pouco de tudo”, diz.
Há um ano e meio livre do vício do crack, ele conta que começou a usar a droga aos 12 anos, quando ainda frequentava a escola. “Peguei bem o início do crack aqui em Curitiba e logo me viciei. Meus pais eram separados, eu sofria muito no colégio, apanhava muito. E por tudo isso, acabei entrando de cabeça no mundo das drogas e larguei os estudos. Parei na 6ª série”, lembra.
O vício fez com que a vida de sua família entrasse em colapso. A mãe, Esther Gomes Ferreira, teve que abandonar o emprego para tentar cuidar do filho. “Tinha um emprego bom, mas tive de desistir para entrar nessa luta. Eram tempos difíceis, não tínhamos nada em casa, pois ele pegava tudo pra trocar por droga”, lembra. “Cheguei a arrancar um chuveiro da parede”, complementa Celso.
Mesmo tomado pelo vício, ele nunca deixou de lado suas habilidades como construtor, aprendidas ainda na infância por influência do pai e de um tio. Desde pequeno, ele domina a manipulação de madeira e ferro. Além disso, é um pedreiro de mão cheia e ainda constrói suas próprias ferramentas. “Nunca roubei pra pagar meu vício. Pelo contrário, fazia pequenas obras e reforma em troca de droga, utilizando tudo que eu tinha aprendido desde pequeno”, conta.
E foi justamente focando no conhecimento acumulado ao longo da vida que Celso conseguiu se livrar das drogas. O sinal de que já tinha chegado ao fundo do poço foi “ligado” quando chegou em casa e se deparou com o sofrimento da família. “Sabia que eu tinha que fazer alguma coisa. Então foquei no que eu sabia e gostava de fazer. Passei a trabalhar sem parar, construindo casas, móveis, fazendo pequenas reformas e tudo o que dava na cabeça”, lembra.
“Pau pra toda obra”
Dentro da casa onde mora com a mãe, há diversos móveis feitos pelo ex-viciado. Para aumentar a área do imóvel, ele construiu uma nova cozinha e um ático, onde montou o quarto da filha. Na vizinhança é conhecido como “pau pra toda obra”. “Vivo fazendo pequenas reformas, calçadas e outros serviço pros vizinhos. É gratificante, porque antes eles fugiam quando eu andava na rua. Já hoje me chamam pra trabalhar dentro de suas casas, mostrando confiança em mim e no meu trabalho”, comenta, orgulhoso.
Hoje, passa seus dias na pequena oficina nos fundos da casa da família. Lá, ele acumula os materiais coletados pelos ferros velhos e obras da região e os transforma em algo útil. “Sigo muito na minha intuição e vou construindo o que dá na cabeça. Todos esses trabalhos que eu faço funcionam como uma terapia pra mim. As vezes acordo às cinco horas da manhã para vir trabalhar aqui no meu canto”, relata. Para Dona Esther, é um alívio ver o filho produzindo e longe das drogas. “É como se nossa vida tivesse começado de novo. Mudou tudo e pra melhor. E quero que ele vá mais longe, pois ele tem um dom de fazer qualquer trabalho manual com facilidade”, ressalta.
Sobre a possibilidade de transformar suas habilidades em um trabalho formal, afirma que ainda não é hora. “Estou me cuidando e quando estiver pronto, com certeza vou trabalhar numa empresa grande. Mas agora estou bem assim e quero continuar junto da minha família”, fala. “Mas quero que as pessoas saibam da minha história. Eu estava acabado e estou superando tudo graças a algo que eu amo fazer. E é isso que eu indico pra todos que passam pelas situações que passei. Se agarrem na família, em Deus e em algo que gosta. Tem que focar e manter a cabeça ocupada. Tenho certeza que tudo vai dar certo”, conclui.
Fonte: Caçadores de Notícias
20
mar
A heroína e outros derivados do ópio, como a morfina, costumam provocar os maiores estragos quando um dependente experimenta a chamada síndrome de abstinência – um conjunto de sintomas que aparece quando a pessoa interrompe ou diminui o uso da droga. “Isso acontece porque o organismo já estava acostumado a receber a droga e reage à retirada abrupta”, diz o psiquiatra Cláudio Jerônimo da Silva, da Universidade Federal de São Paulo (Unifesp). No caso da heroína, tudo indica que o mal-estar da abstinência é mais grave por causa da composição da droga, que age como sedativo no organismo. Além disso, a substância vicia muito rápido e age profundamente no sistema nervoso central, causando uma séria depressão após o uso. “Além da heroína, outras cinco drogas têm crises de abstinência com sintomas físicos claros: a nicotina, o álcool, o crack, os tranquilizantes benzodiazepínicos, como Valium, e os barbitúricos, usados como remédios para dormir”, diz o toxicologista Anthony Wong, da Universidade de São Paulo. Substâncias como a cocaína e a maconha também causam crises. A diferença é que seus sintomas não incluem reações físicas diretas, mas problemas como ansiedade, nervosismo e comportamento violento, por exemplo.
Lista sinistra
Tentativas de largar substâncias podem causar dores, depressão e até alucinações
HEROÍNA
A droga vicia em apenas cinco doses e apresenta as crises de abstinência mais intensas, provavelmente por causa de sua composição e de seu efeito no sistema nervoso central. Junto com o mal-estar e a inquietação, a pessoa que pára de usar heroína tem aumento de pressão, dores musculares, insônia e vômitos.
COCAÍNA
A síndrome de abstinência tem três fases: primeiro vem a “fissura”, a vontade de usar a droga. Depois, a pessoa passa por um estado de sonolência. Por último, aparecem os sintomas de depressão, como angústia e irritabilidade. A pessoa pode se tornar dependente a partir da quarta dose.
CRACK
Também derivada da pasta de coca, a versão fumável e mais barata da cocaína causa sintomas de abstinência bastante parecidos com os da sua versão em pó. A principal diferença entre as duas substâncias é que as pedras de crack viciam ainda mais rápido, arrastando o dependente para o buraco em apenas duas ou três fumadas.
ÁLCOOL
A dependência vem depois de um consumo constante por alguns anos, mas a síndrome de abstinência tem efeitos brutais. O dependente tem tremores, aumento da pressão, fica agitado e perde a clareza para avaliar as coisas. Nos casos mais graves, podem aparecer alucinações e delírios.
MACONHA
A síndrome de abstinência é um pouco mais leve que a das outras drogas, mas também pode incluir sintomas graves os principais são ansiedade, perda da capacidade de concentração, insônia e mau humor. Parte dos médicos acredita que a maconha vicia depois de dois meses de uso constante.
CIGARRO
Apesar de legalizada, a nicotina a droga-base do cigarro tem um alto poder viciante: a dependência pode ter início se o usuário fumar dezenas de cigarros em uma semana. Quando tenta parar, a pessoa sente ansiedade, angústia e inquietação. No trabalho, são comuns as perdas de concentração e de atenção.
Fonte: Mundo Estranho
12
mar
Muitos só precisam de uma segunda chance, de alguém que acredite em seu potencial para mudar definitivamente o seu destino.
Enxergue melhor as pessoas como filhos e filhas de Deus.
10
mar
Um hormônio chamado leptina parece ter ligação com os dois problemas
Comparando a obesidade ao alcoolismo, o que tem sido feito por muitos cientistas no mundo, pesquisadores de várias universidades brasileiras, em um trabalho conjunto, apontam que as duas doenças têm algo em comum: a compulsão. A conclusão serve, segundo os responsáveis, como uma reflexão para auxiliar no tratamento de obesos.
“Comia o que aparecia na minha frente. Pizza, lasanha, doces. Chegava a passar mal de tanto comer, mas, assim que melhorava, comia de novo”, confessa a jovem Ludmila Rodrigues de Aguiar, 29 anos. Tendo alcançado os 179kg, Ludmila, que já passou por uma cirurgia de redução de estômago e hoje pesa 150kg, diz não saber o que a levou a perder o controle sobre a comida.
Pesquisadores das universidades federais do Paraná (UFPR), de São Paulo (Unifesp) e de Minas Gerais (UFMG) estão debruçados há pelo menos dois anos nesse trabalho, que tem como objetivo entender a perda de controle que uma pessoa tem diante da comida e um alcoolista, diante das bebidas etílicas. “Fizemos, nesse primeiro momento, vários modelos em camundongos com uma ingestão forçada de alimentos e com doses diárias de etanol. Vimos que tanto os que comeram quanto os que receberam etanol tinham genes comuns envolvidos no comportamento compulsivo, e esse foi o grande elo entre as doenças”, comenta a coordenadora do projeto, Ana Lúcia Brunialti Godard, bióloga e professora de genética humana da UFMG.
Segundo ela explica, esses genes estão relacionados à produção da leptina, um hormônio presente também em todas as pessoas e ligado à sensação de saciedade. “Percebemos, contudo, que, no caso da obesidade e do alcoolismo, ela está envolvida na compulsão. Mas não é só ela: há um conjunto de genes. Sabemos que, em uma pessoa normal, a leptina traz a sensação de satisfação depois que o indivíduo ingere uma quantidade de alimentos. Mas, naquela pessoa que não tem o controle sobre a comida, esse hormônio pode estar atuando no cérebro para que esse obeso nunca deixe de sentir fome”, comenta Godard, dizendo que o próximo passo da pesquisa é justamente saber quando e como esse hormônio atua. “Um paciente que sofre com transtorno obsessivo-compulsivo (TOC), por exemplo, também age com compulsão”, compara.
Fonte: Diário de Pernambuco
26
fev
Dados do Instituto Nacional do Seguro Social (INSS) apontam que o alcoolismo é o principal motivo de pedidos de auxílio-doença por transtornos mentais e comportamentais por uso de substância psicoativa. O número de pessoas que precisaram parar de trabalhar e pediram o auxílio devido ao uso abusivo do álcool teve um aumento de 19% nos últimos quatro anos, ao passar de 12.055, em 2009, para 14.420, em 2013.
Os dados mostram que os auxílios-doença concedidos as pessoas com transtornos mentais e comportamentais devido ao uso de drogas passaram de 143,4 mil. Cocaína é a segunda droga responsável pelos auxílios concedidos (8.541), seguido de uso de maconha e haxixe (312) e alucinógenos (165).
São Paulo teve o maior número de pedidos em 2013 por uso abusivo do álcool, com 4.375 auxílios-doença concedidos, seguido de Minas Gerais, com 2.333. Integrante do Conselho Regional de Serviço Social de São Paulo (Cress-SP), o assistente social Fábio Alexandre Gomes ressalta que o aumento é extremamente superficial, visto que boa parte da população não contribui para o INSS e por isso não tem direito a esse benefício.
“O impacto do álcool hoje na vida das pessoas é muito maior. Muitos casos inclusive de uso abusivo do álcool estão associados com a situação de desemprego. E a juventude tem iniciado experiências cada vez mais cedo”, explica ele. “Tenho casos frequentes de crianças fazendo uso abusivo de álcool a partir dos oito anos. Estou acompanhando um menino que hoje, com dez anos de idade, usa crack, mas a porta de entrada foi o álcool”, conta o assistente social ao relatar que por ser uma substância socialmente permitida em casa, acaba sendo de fácil acesso.
Ele também relata aumento sensível de mulheres que não aderem ao tratamento, fruto de preconceito social. “Na minha experiência como assistente, este consumo abusivo está ligado principalmente a relações de violência, sobretudo, amorosas. E geralmente o consumo é de cachaça”, ressaltou. Ele criticou a concentração de políticas públicas dirigidas a substâncias ilícitas, quando o álcool é uma das substâncias lícitas cada vez mais usadas por adolescentes e mulheres, independentes da classe social. Gomes ressalta que faltam campanhas que falem do impacto do álcool na gravidez.
“O consumo do álcool durante a gestação é algo que não se discute muito. Muitas gestantes pensam ‘ah está muito calor vou tomar só um copinho’, sem saberem o impacto que isso tem na formação das crianças”, alertou Alexandre Gomes.
Há 24 anos sem beber uma gota de álcool, o vendedor autônomo João Souza, 54 anos, morador do Rio de Janeiro, acredita que largar o vício sem ajuda profissional é “praticamente impossível” e afirma que não existe cura para a doença. “A família é muito importante, mas sozinha não dá conta se não houver apoio profissional. A questão não é moral, é bioquímica, de estrutura e só com muito tratamento”, pondera ele. “Procurei os Alcoólicos Anônimos (AA) e vou lá até hoje, faço a manutenção, porque preciso” conta ele.
O auxílio-doença é um direito de todo trabalhador segurado pelo INSS, que não perde o emprego ao se ausentar. Para pedir o auxílio-doença por uso abusivo de droga, o solicitante deve ter pelo menos 12 meses de contribuição e comprovar, por meio de perícia médica, a dependência da droga que o incapacita de exercer o trabalho. A valor do benefício varia de acordo com o valor recolhido pela Previdência Social.
Segundo a assistente social Andresa Lopes dos Santos, também integrante do Cress-SP, o benefício é um grande avanço para o trabalhador brasileiro, pois assegura a manutenção financeira da família, mantém o vínculo do trabalhador no emprego, que pode se tratar enquanto estiver de licença. “É importante um trabalho para dar o suporte à família e ao dependente do álcool, que muitas vezes sustenta a família poderá fazer um tratamento”, salientou ela.
Fonte: Agência Brasil
22
fev
O alcoolismo, considerada uma doença progressiva e em muitos casos fatal, prejudica a vida não somente de quem consome a bebida, mas também dos que se relacionam com o dependente.
Caracterizado pela vontade incontrolável de beber, o alcoolismo é um fenômeno multifatorial que pode estar associado à predisposição genética, ansiedade, angústia e insegurança. Tudo isso pode deixar a pessoa mais vulnerável à bebida. Além disso, condições culturais, fácil acesso ao álcool e os valores que cercam o consumo também influenciam a dependência.
O tratamento, segundo o terapeuta, pode envolver diversos profissionais de saúde como psiquiatras, psicólogos, terapeutas, educadores físicos, assistentes sociais e enfermeiros. O reconhecimento da dependência e a vontade de querer mudar a situação são necessários para o início do tratamento. É claro que cada caso é um caso e, por isso, não existe um tratamento ideal, mas sim o melhor procedimento para um determinado caso, ou seja, o tratamento é personalizado.
A família, no entanto, é peça-chave tanto na prevenção do uso nocivo do álcool, como em casos nos quais o problema já está instalado. As vezes em que o tratamento inicia-se pela família são poucas, principalmente porque o usuário de álcool não aceita seu problema, não reconhece que o uso de bebidas alcoólicas lhe traz consequências negativas ou está desmotivado para buscar ajuda profissional.
Um acompanhamento personalizado e dirigido aos familiares é importante para que todos compreendam a doença e seus desdobramentos, com orientações adequadas sobre qual a melhor forma de ajudar um ente querido e a si mesmo, já que a família também se torna codependente e começa a se organizar em torno do dependente.
O tratamento vai ajudar a acolher e a compreender o estresse emocional e a desesperança vividos pela família devido à dependência. A terapia ajudará a entender os papéis e o funcionamento da família e, através disso, buscará novas mudanças nessa dinâmica a partir de recursos que ajudarão a reorganizar e reestruturar o sistema e as relações familiares, com o objetivo de manter a família segura e menos ameaçada.
11,7 milhões são dependentes de álcool
Mais da metade das bebidas alcoólicas comercializadas no país (54%) é consumida por 20% das pessoas que bebem. O dado consta do 2° Levantamento Nacional de Álcool e Drogas (Lenad) divulgado em 2013 pela Universidade Federal de São Paulo (Unifesp). Em termos gerais, o estudo estima que 11,7 milhões de brasileiros são dependentes de álcool.
O levantamento, que ouviu 4.607 pessoas de 149 municípios do país, constatou um aumento de 20% na quantidade de brasileiros que consomem álcool uma vez ou mais por semana. Também houve aumento no número de pessoas que ingerem grandes quantidades de álcool (quatro unidades para mulheres e cinco para homens) em um curto período de tempo (duas horas). Entre esses consumidores, essa forma de beber passou de 45%, em 2006, para 59% no ano passado.
A pesquisa destaca o aumento do consumo de álcool abusivo entre as mulheres. A proporção das que passaram a beber uma vez ou mais por semana cresceu 34,5% em seis anos, passando de 29% para 39%. Outro indicador que demonstra esse comportamento nocivo é o que avalia o consumo de álcool em relação ao tempo. As que ingerem quatro doses em até duas horas passaram de 36%, em 2006, para 49% no ano passado.
Entre os fatores que podem explicar o crescimento desse modo nocivo de beber, está a ascensão econômica da população nos últimos anos. Belo alerta também para o aumento do consumo de bebidas alcoólicas entre as mulheres. Para ele, esse aumento pode ser justificado por conta da diminuição das diferenças nos papéis de gênero. A ascensão feminina no mercado de trabalho fez com que a mulher ocupasse o mesmo espaço do homem. A independência financeira feminina permitiu o aumento do consumo, inclusive, de bebidas alcoólicas por parte das mulheres.
Fonte: Jornal Cruzeiro do Sul
13
fev
Os riscos do uso de álcool e outras drogas durante a gestação.
Há 13 anos, o professor Erikson Furtado, coordenador do PAI-PAD (Programa de Ações Integradas para Prevenção e Atenção ao Uso de Álcool e Drogas na Comunidade) da Faculdade de Medicina da USP, pesquisa os riscos do uso de álcool e outras drogas durante a gestação.
No ano 2000, ele e sua equipe cadastraram 449 grávidas que faziam uso de álcool e outras drogas, sendo que 100 delas tinham um consumo de risco. O grupo acompanhou a gestação, analisando o uso feito por essas mulheres. A partir de 2006, os pesquisadores começaram a resgatar essas crianças, para avaliar quais as consequências do uso feito na gravidez.
O número de crianças com problemas físicos ou comportamentais era tão grande que o professor criou um ambulatório no Hospital das Clínicas, onde presta atendimento mustidisciplinar a crianças e adolescentes com dependência química ou problemas decorrentes da dependência na gestação. Hoje, atende 86 adolescentes que foram acompanhados na barriga das mães, além de outros pacientes.
Erikson explica que a maioria das usuárias de risco usam o álcool atrelado a outras drogas, o que potencializa os danos para o bebê. O uso de drogas, principalmente do álcool, pode causar ao bebê más formações físicas, possíveis de serem diagnosticadas já no parto. “O bebê pode apresentar lesões na face, problemas renais, más formações ósseas”.
A “Síndrome de Abstinência Neonatal” é comum em bebês que foram expostos ao uso contínuo de álcool e outras drogas durante a gestação, principalmente o crack. “A criança já nasce muito inquieta, pois não está mais ingerindo a substância. Precisa de cuidados intensivos nas primeiras horas de vida”.
Os distúrbios de comportamento são as principais consequências do uso. “Geralmente são crianças inquietas, com dificuldade de interação, de comportamento agressivo, com dificuldades de aprendizado e que, quando adolescentes, podem ter uma iniciação precoce no uso de álcool e outras drogas”. Erikson diz que muitos de seus pacientes acabam seguindo o caminho do crime. “É comum que esses meninos tenham conflitos com a lei”.
Professor pede contracepção com orientação
Para o professor Erikson, é essencial a orientação das mulheres que receberão o anticoncepcional de longa duração. “Elas têm o direito de fazer o controle da natalidade, mas precisam estar em condições de aceitar ou não o método”.
Ele salienta que todo esforço é válido em orientar. “O esforço é válido considerando que a probabilidade de essas mães usuárias de drogas terem crianças com dificuldades é alta”.
Erikson explica que as primeiras semanas da gestação são as mais críticas. “As más formações físicas, na maior parte dos casos, acontecem nas quatro primeiras semanas, quando, algumas vezes, a mulher ainda não sabe que está grávida”. E finaliza: “Nossa bandeira é prevenir e tratar o problema”.
Fonte: A Cidade
12
fev