27
dez
A Comissão de Educação da Câmara dos Deputados aprovou, no último dia 18, proposta que aumenta em 10% as vagas de escolas técnicas e profissionalizantes para atender usuários de drogas em recuperação (PL 2928/11).
A proposta estabelece que, para conseguir a vaga, o candidato não deve usar drogas, precisa fazer tratamento da dependência e atender os requisitos de admissão e as normas da escola técnica. O aluno que deixar de cumprir alguma das medidas será desligado do curso.
A seleção dos alunos será acompanhada, de acordo com a proposta, pelo Sistema Único de Assistência Social (Suas), do Ministério do Desenvolvimento Social. A prioridade das vagas será para usuários que estudaram em escolas públicas ou tenham terminado o ensino fundamental pelo Projovem (Programa Nacional de Inclusão de Jovens).
Ainda segundo o projeto, metade das vagas deverá ser oferecida nos seis meses após a publicação da lei, e a outra metade um ano após a finalização do primeiro lote de matrículas.
A proposta foi apresentada pela Comissão Especial Sobre Drogas no final de 2011. Atualmente, a Lei 11.343/06, que criou o Sistema Nacional de Políticas Públicas sobre Drogas, prevê medidas para reinserção social de usuários de drogas, mas sem mecanismos para garantir a formação educacional dos dependentes em recuperação.
Eficácia
A coordenadora da Ampare (Associação Mineira de Pais e Amigos para Prevenção e Recuperação do Abuso de Drogas), Cristiana Abreu, elogia a intenção, mas não sabe se o projeto será proveitoso. “Tem pessoas que não conseguem fazer duas coisas ao mesmo tempo. Não acho que isso seja uma prioridade de imediato para o tratamento.”
Segundo ela, a maioria dos usuários de droga que usam o serviço público não terminou o ensino fundamental, portanto não poderia ser beneficiada com vagas no ensino médio profissionalizante.
Rejeição
A comissão rejeitou o Projeto de Lei 7894/10, ao qual o PL 2928/11 tramita apensado. O relator, deputado Reginaldo Lopes (PT-MG), argumentou que, embora os dois tenham o mesmo objetivo, o teor do segundo projeto é mais abrangente e completo.
— São evidentemente necessárias medidas para assegurar a continuidade da trajetória escolar do usuário e do dependente de drogas, particularmente no sentido de promover a sua qualificação técnica e profissional.
Tramitação
O PL 2928/11 ainda será analisado pela Comissão de Constituição e Justiça e de Cidadania, e pelo Plenário da Câmara.
Fonte: R7
27
dez
Quase dois anos depois de ser presa por tentativa de furto e posse de drogas, Stephane Gomes, conhecida como Bebel, ex-jogadora de futebol do Santos e da seleção brasileira, tenta reconstruir a vida devastada pelo crack. Após diversas recaídas e o abandono dos gramados, ela encara cada dia como uma batalha para manter-se “limpa” e realizar o sonho de ter uma escolinha de futebol.
Longe das drogas há quase um ano, Bebel não esquece os cinco dias intermináveis que passou na Penitenciária Feminina de Tremembé, em fevereiro de 2012. No entanto, eles não foram suficientes para mantê-la longe do vício. A compulsividade fez a ex-atleta sucumbir e voltar ao mundo obscuro do crack. Foram duas recaídas, várias noites vagando pelas ruas com bandidos e traficantes e o risco diário de ser detida pela polícia novamente.
Bebel faz parte de uma estatística alarmante no País. De acordo com uma pesquisa recente, encomendada pela Senad (Secretaria Nacional de Políticas sobre Drogas) e realizada pela Fundação Oswaldo Cruz, o crack é usado por 35% dos consumidores de drogas ilícitas nas capitais brasileiras. Na região Sudeste, por exemplo, há 113 mil usuários de drogas.
A ex-Sereia da Vila responde até hoje pelo flagrante do ano passado, mas sequer pensava nisso quando o desejo de “dar um trago” era maior. No inconsciente, ela sabia do perigo que estava correndo, porém, a vontade de usar o crack a tornava irracional. Os pais chegaram a colocar a casa à venda para afastá-la do ambiente ruim. Não precisou. Ela reencontrou sua fortaleza justamente onde tudo começou: no futebol.
Bebel abriu as portas de sua casa, na Penha, na zona leste de São Paulo, e recebeu oiG Esporte para um bate-papo. Com o semblante rejuvenescido, ela exibe pequenos cortes nas mãos, que diferentemente de dois anos atrás, são consequências de um “bico” que faz em uma padaria, onde tem a incumbência de cortar frios todas as manhãs. É o que a ajuda a se manter longe da dependência.
A internação no interior de São Paulo
Bebel foi presa no dia 7 de fevereiro de 2012, depois de uma tentativa de furto. Na ocasião, ela confessou ser usuária de drogas e, um mês depois, recebeu ajuda para iniciar o tratamento de desintoxicação no Centro de Tratamento Araçoiaba, em Araçoiaba da Serra, a 120 quilômetros da capital paulista. Apesar de ter até mais privilégios que os outros pacientes, permaneceu lá por apenas um mês e não conseguiu ter o tratamento adequado por ser tratada como “uma garota propaganda” da casa, segundo ela.
“Eles me ajudaram a ficar limpa um mês. Mas eu não tive o tratamento correto porque não tinha tempo. Eram muitos compromissos, eu tinha de tirar foto, ir ao cabeleireiro, tinha de vir para São Paulo para inaugurar um parque aquático…”, afirmou.
A primeira recaída, ida para Salto (SP) e segunda recaída
A primeira recaída de Bebel aconteceu logo depois de ela deixar o CT Araçoiaba, em abril de 2012. “Depois que saí da clínica, tive uma recaída. Eu acho que fiquei umas duas semanas na recaída. Foi um momento difícil, que ali eu me perguntei: ‘Putz, será que eu vou conseguir?’. Foi um momento crucial na minha vida”.
Após 21 dias na rua, em maio, a ex-atleta resolveu se isolar em Salto, uma cidade no interior de São Paulo, a 104 quilômetros da capital, e morar com uma amiga. Foram sete meses na cidade e cinco longe das drogas. Em novembro, veio a segunda recaída.
As noites usando drogas
Ela passava dias longe de casa. “Como aqui foi o lugar onde eu usei muito, quando eu botei o pé aqui o que era normal para mim era ir para a favela e usar droga. A minha droga de preferência era o crack. Passava muita fome, muito frio, eu convivia com pessoas de alta periculosidade. Assassinos, estupradores, assaltantes, matador de polícia. Eu usava o crack e sabia que poderia levar uma facada.
Eu falava assim: ‘Agora eu vou embora’, aí eu chegava na esquina de casa e sempre tinha um cara para falar ‘Bebel, vamos dar um trago’, aí eu não voltava mais para casa. Aí eu passava mais dois ou três dias fora da minha casa, sem comer, sem tomar banho, sem tomar água, só usando o crack. Quando eu voltava para a minha casa, eu tinha vergonha. No estado que eu estava, eu não tinha coragem de olhar para a minha mãe. Eu entrava, subia, tomava banho e ficava no meu quarto dois dias diretos. Eu só levantava para comer e voltava”, relatou.
As consequências da droga
Bebel sempre se recusou a tomar remédios para se livrar da droga. Alegava que não queria ser dependente do medicamento como era do crack. Quando tentava se manter longe da droga ou usava em excesso, tinha alucinações e pensava em tirar a própria vida.
“Eu passei três meses dentro de casa, eu sentia dores no corpo, vomitava, sangrava e desencadeei a síndrome do pânico. Foi uma loucura Eu chorei muito, fiquei muito depressiva, pensei em me matar várias vezes. Eu não tinha certeza que ia conseguir sair”, disse.
Escolinha de Futebol
Depois de passar as festas ao lado da família, em janeiro deste ano, Bebel aceitou o convite para treinar a criançada – cerca de 60 – do bairro e montar uma espécie de escolinha no campo perto de casa. O projeto foi um sucesso até que a Vara de Infância e Juventude proibiu que as atividades continuassem.
“Eu sempre pensei em jogar futebol, mas nunca pensei em passar o que aprendi para as outras pessoas. Quando comecei a escolinha, era época de férias (escolares), e eu dava treino todos os dias, de domingo a domingo. Isso me ajudou muito. Eu não saia da minha casa para nada. Quando eu chegava no campo e dava aquela vontade, eles (alunos) me ajudavam muito. Eles foram importantes em minha recuperação e sinto falta deles”, declarou.
“No começo, eu me questionava: por que estava fazendo tudo certo e não ia para a frente? Eu acho que Deus tem um propósito muito maior na minha vida. Se não é para dar certo agora, mais para frente isso pode tomar uma proporção maior. Eu não tenho mais pressa para que as coisas aconteçam. As coisas não são no meu tempo, é no tempo de Deus, no tempo da vida. Não adianta atropelar as coisas, porque elas acabam não dando certo”, completou.
Projetos para o futuro
Depois que deixou a clínica, Bebel tentou voltar ao futebol. Passou pelo Juventus, pela Portuguesa, jogou futsal no Palmeiras e na Sabesp, que tinha uma parceira com o São Bernardo. Porém, uma lesão no dedinho do pé a forçou a parar.
“Tentaram me tirar o futebol e ele é a minha vida. Eu respiro futebol, eu durmo futebol, eu acordo futebol. Tudo é futebol. Mesmo eu não estando jogando, as pessoas me reconhecem como a Bebel jogadora. Eu não vou tirar isso das pessoas, porque eu conquistei. Hoje eu até penso em voltar a jogar, mas eu tenho um projeto maior na minha vida que é eu ter a minha própria escolinha”, disse ela, que também pretende escrever um livro para contar tudo o que tem vivido.
Fonte: IG
26
dez
Os dependentes químicos precisam ter muita força de vontade e de um tratamento adequado nesta época do ano, com a chegada das festas de Natal e Réveillon.
Muitos dependentes químicos que lutam contra o vício, acabam desistindo do tratamento por causa das festas e das bebidas, que são um passo para outras drogas. Junto com as comemorações de fim de ano vêm as recaídas. Cada minuto desse dependente vale muito, por isso a família deve valorizar a auto-estima dessa pessoa para que ela se mantenha a cada dia de uma maneira positiva e sem drogas.
União
É importante que os dependentes de uma comunidade terapêutica passem juntos esse período. Apesar da tristeza por ficarem distantes da família, o risco de sair no meio do tratamento é muito grande.
Uma vez dependente químico, seja de qual droga for, ao por o álcool na boca irá consequentemente sentir falta da substância que lhe dava prazer. Então o grande erro é achar que depois de um tempo limpo pode consumir álcool e isso acaba acionando a memória tóxica e aí voltam as drogas.
Cuidados
O álcool não deve ser usado nem mesmo para temperar a comida. Vinagre só a base de frutas e as bebidas são apenas sucos e refrigerantes. Deve ser o tempo todo assim, porque a bebida é a droga que está ao alcance da mão, em todo o lugar.
Deve-se evitar lugares com bebidas e drogas. O melhor é ficar junto à família, pois eles sabem da dificuldade.
Fonte: Expresso MT
24
dez
A exposição pré-natal a qualquer tipo e quantidade de bebida alcoólica pode acarretar problemas graves ao bebê, até mesmo surgir tardiamente e ainda se perpetuar na fase adulta. A Síndrome Alcoólica Fetal (SAF) apresenta diversas manifestações, desde alterações comportamentais até malformações congênitas neurológicas, cardíacas e renais. Contabiliza, no mundo, de 1 a 3 casos por 1000 nascidos vivos. No Brasil não há dados oficiais no país sobre a afecção.
“Importante ressaltar que o melhor caminho é a prevenção. Não há qualquer comprovação de uma quantidade segura de bebida alcoólica que proteja a criança de qualquer risco. Neste caso, a gestante ou a mulher que pretende engravidar deve optar por tolerância zero à bebida alcoólica”, destaca a dra. Conceição Aparecida de Mattos Segre, coordenadora do Grupo de prevenção dos efeitos do álcool na gestante, no feto e no recém-nascido da Sociedade de Pediatria de São Paulo (SPSP).
Características
O conjunto de efeitos decorrentes do consumo de álcool, em qualquer dosagem ou período da gravidez, é chamado de “espectro de distúrbios fetais relacionados ao álcool”, que inclui a SAF. A frequência dessas implicações varia conforme etnia, genética e até mesmo a quantidade ingerida. Isso não significa que todos os bebês expostos serão afetados, mas a probabilidade é alta.
“Bebês com SAF têm alterações bastante características na face, as chamadas dismorfias faciais. Além disso, faz parte do quadro o baixo peso ao nascer devido à restrição de crescimento intrauterino e o comprometimento do sistema nervoso central. Essas são as características básicas para o diagnóstico no período neonatal”, comenta dra. Conceição.
No decorrer do desenvolvimento infantil, o dismorfismo facial atenua-se, o que dificulta o diagnóstico tardio. Permanece o retardo mental (QI médio varia de 60 a 70), problemas motores, de aprendizagem (principalmente matemática), memória, fala, transtorno do déficit de atenção e hiperatividade, entre outros. Os adultos demonstram problemas de saúde mental em 95% dos casos, como pendências com a lei (60%); comportamento sexual inadequado (52%) e dificuldades com o emprego (70%).
Diagnóstico e tratamentos
Em São Paulo, o Grupo da SPSP cria ações para conscientizar os pediatras, com distribuição de material em eventos científicos, publicações disponíveis na internet aos associados da SPSP e cursos voltados para equipes multidisciplinares de capacitação para reconhecimento e condutas nesses casos.
Nos Estados Unidos e Canadá, existe um teste que identifica produtos do álcool no mecônio ou cabelo do recém-nascido. É uma técnica de alto custo, que ainda não está disponível no Brasil.
“Sabemos que o diagnóstico precoce da doença melhora os resultados obtidos por meio de tratamento multidisciplinar ainda na primeira infância. Vale lembrar que os efeitos do álcool ocasionados pela ingestão materna de bebidas alcoólicas durante a gestação não têm cura, por isso vale a máxima, o quanto antes parar, melhor para a gestante e para o bebê”, completa dra. Conceição.
10
dez
Os dez anos de casamento da bancária Elisangela Farizel, 35 anos, com o autônomo Vinicius Farizel, 39, foram problemáticos desde o início. Alcoólatra por 24 anos, Vinicius enfrentou altos e baixos neste tempo devido ao seu vício, passou por duas internações entre 2012 e 2013 e agora, quer recuperar sua relação afetada pela dependência química.
O casal de Suzano (SP), ainda sem filhos, sabe que está doente. Ele, por assumir seu vício. Ela, após uma década de frustrações e renúncias, busca ajuda para melhorar seu psicológico no Al-Anon, grupo de ajuda a familiares e amigos de alcóolicos. “Tinha vezes que não deixava de sair, mas minha cabeça ficava em casa”, diz Elisangela. “Eu me trancava no quarto, porque se saísse de lá, sabia que ia fazer besteira”, complementa Vinicius.
Essa história se repete na casa de milhares de brasileiros, que sofrem por ter algum parente usuário de drogas, é o que mostra o Levantamento Nacional de Famílias dos Dependentes Químicos (Lenad Família), feito pela Universidade Federal de São Paulo (Unifesp). Segundo o estudo, o dependente químico afeta as atividades diárias e o psicológico dos familiares: 58% das famílias com algum usuário de drogas têm afetada a habilidade de trabalhar ou estudar, 29% das pessoas estão pessimistas quanto ao seu futuro imediato e 33% têm medo que seu parente beba ou se drogue até morrer, ou alegam já ter sofrido ameaças do familiar viciado.
A pesquisa apontou ainda que ao menos 28 milhões de pessoas no Brasil têm algum familiar dependente químico. Os dados foram levantados entre junho de 2012 e julho de 2013. Um questionário com 115 perguntas foi respondido por 3.142 famílias de 23 capitais brasileiras. Foi a primeira avaliação em âmbito nacional focada nas famílias de dependentes.
Complicações financeiras
Elisangela e Vinicius conseguiram se reerguer após o marido passar por tratamento que custou quase R$ 20 mil reais, parte da quantia bancada pelo convênio médico. O gasto é considerado alto por ambos. Usar o dinheiro do orçamento familiar para bancar a reabilitação de um parente dependente é a realidade de 58% das famílias entrevistadas.
Famílias perseverantes
Enquanto persiste a indefinição sobre qual o melhor método científico que leve à “cura” do vício das drogas, famílias que passaram ou ainda passam por este problema recomendam outra coisa: ter esperança e fé.
Foi o caso de Cleide Cauduro, de 56 anos, de São Paulo. Dos quatro filhos, três se envolveram com drogas há 12 anos – a filha mais velha e um casal de gêmeos. Atualmente, os três abandonaram o vício, todos se formaram na faculdade um deles se formou em psicologia com ênfase na dependência química.
“A gente acha que não vai acontecer com a gente, mas acontece. A gente se sente culpada e se pergunta ‘onde foi que errei?’. Tudo isso abala”, diz Cleide.
“É importante que o doente saia da negação, deixe a vergonha de lado e procure ajuda mais cedo. A família também precisa perceber que tem que se tratar e buscar informações a respeito da doença. Sim, porque é uma doença”, diz Elisângela, ao lado do marido, na expectativa de que não ocorram recaídas no futuro.
05
dez
O sonho de um adolescente de 14 anos, de Fernandópolis, que pediu ao Papai Noel para que a mãe dele fosse internada em uma clínica de reabilitação para dependentes químicos, tornou-se realidade às 11h30 de ontem (quarta-feira), dia 4.
Acompanhada por uma auxiliar de enfermagem e um motorista do Cratod (Centro de Referência de Álcool, Tabaco e Outras Drogas), ligado à Secretaria Estadual de Saúde, a mulher seguiu viagem para São Paulo, onde inicia o tratamento para tentar ficar livre do crack.
A história do garoto ficou conhecida após uma funcionária da Santa Casa de Fernandópolis e seu noivo adotarem a carta que havia sido postada nos Correios. O pedido foi encaminhado para o setor social do hospital que, com ajuda do juiz da Vara da Infância e Juventude, Evandro Pelarim, iniciou mobilização para conseguir atendê-lo.
Ainda no início da noite desta quarta-feira, a mãe do adolescente deveria passar por uma triagem no Cratod. Ela será acompanhada por um psiquiatra e uma equipe multidisciplinar, que vai dar início ao processo de desintoxicação.
Após esse período, que vai depender da avaliação médica, a paciente será encaminhada a uma das clínicas de recuperação conveniadas ao governo do Estado. De acordo com a auxiliar de enfermagem Maria Luiza Santos Troti, do Centro de Referência, a mãe do adolescente pode ser internada em cidades como Espírito Santo do Pinhal, Itapira, Barretos, São José do Rio Preto, São Bernardo do Campo, Campinas, Assis, Campos do Jordão, Mogi das Cruzes, entre outras.
“Ela ficará, aproximadamente, um mês fazendo a desintoxicação. Depois, será encaminhada novamente ao Cratod, que fará uma nova avaliação sobre a situação dela. Ela pode pedir para novamente ser internada, inclusive em um lugar mais próximo da família, ou, caso ela tenha condições, será encaminhada para o Caps (Centro de Atenção Psicossocial), que fará os encaminhamentos necessários”, explicou.
LUZ
Antes de deixar a Santa Casa de Fernandópolis, onde foi levada para receber os primeiros atendimentos antes da viagem, a mãe disse estar confiante na sua recuperação. “O tratamento é a minha luz no fim do túnel. Eu jamais imaginei que meu filho fosse pedir esse tipo de presente para Papai Noel, mas fiquei muito feliz porque é um presente que fará bem para nossa família.”
SORRISO
O adolescente não escondeu no rosto a alegria de ver a mãe sendo encaminhada ao tratamento. “Ainda bem que meu pedido foi atendido”, comemorou. Mesmo com um sorriso tímido, ele agradeceu a ajuda que recebeu de diversas pessoas que se comoveram com sua história. “Eu fiquei muito feliz porque sei que tive mais de um Papai Noel que atendeu meu pedido”.
Agora, ele disse que está esperançoso para reencontrar a mãe livre do crack. “Eu vou sentir saudades, mas quero que ela só volte quando estiver bem e pronta para cuidar da gente”, falou ao lado da irmã de 6 e do irmão de 8 anos. Ele ainda tem uma irmã de 15 anos, que tem uma filha de 1 ano.
MISSÃO CUMPRIDA
O provedor da Santa Casa de Fernandópolis, Geraldo Silva de Carvalho, conversou pessoalmente com a mãe do adolescente na manhã de ontem. Para ele, fica a expectativa de que a mulher possa se livrar das drogas. “Estamos torcendo e esperamos que o presente do adolescente seja satisfatório e proporcione paz no seu lar.”
A enfermeira e o noivo, que foram os responsáveis por adotar a carta do adolescente, também ficaram felizes em poder ajudar a família. “Estamos aliviados porque sabemos que o pedido do garoto foi atendido e estamos na torcida para que tudo dê certo. O mais importante para nós é a felicidade da família do adolescente.”
03
dez
Pelo menos 28 milhões de pessoas vivem no Brasil com um dependente químico, mostra o Levantamento Nacional de Famílias de Dependentes Químicos, divulgado hoje (3) pela Universidade Federal de São Paulo (Unifesp). A pesquisa inédita mostra o impacto que a convivência com um parente usuário de drogas provoca na experiência cotidiana das famílias.
Entre os parentes entrevistados, as mulheres são a grande maioria (80%), sendo que 46% delas são as mães dos dependentes químicos. Mais da metade delas (66%) são responsáveis pelo tratamento. Essas mães também são consideradas chefes da família, fazendo com que, além da sobrecarga de cuidar do filho usuário de drogas, cuidem dos outros membros da casa.
O levantamento revela ainda que mais da metade (57,6%) das famílias têm outro parente usuário de drogas. Os entrevistados, no entanto, avaliam que as más companhias (46,8%) e a autoestima baixa (26,1%) foram os fatores de risco mais relevantes que levaram ao uso.
O tempo médio para a busca de ajuda após o conhecimento do uso de álcool e/ou outras drogas é três anos. Entre os que usam cocaína e crack, o tempo é menor, dois anos, e sobe para 7,3 anos, quando considerados apenas os dependentes de álcool.
Mais de um terço dos parentes (44%) disse que descobriu o uso dessas substâncias por causa da mudança de comportamento. Apenas 15% relataram que a descoberta ocorreu por ter visto o paciente fazendo uso dessas substâncias fora de casa.
O impacto nas finanças é bem relevante. O estudo detectou que em 58% dos casos o tratamento foi pago exclusivamente pela família. Cerca de 45% apontaram que o pagamento do tratamento afetou drasticamente o orçamento familiar. Para 28,2%, o tratamento influenciou pouco, enquanto 7% disseram ter sofrido muito pouco impacto. Cerca de 19% disseram, por outro lado, que o tratamento não trouxe danos às finanças da família.
Fonte: Agência Brasil