25
nov
O consumo de bebidas alcoólicas por crianças e adolescentes, cujo combate é o objetivo da Lei Antiálcool, aumenta as chances de desenvolvimento de alcoolismo na fase adulta. De acordo com pesquisa da Universidade Federal de São Paulo (Unifesp), realizada este ano com base em entrevistas com 17 mil adolescentes do ensino médio de 789 escolas públicas e privadas de todo o País, um simples gole ou experimentação de bebidas antes dos 12 anos aumenta em 60% as chances de consumo abusivo de álcool no futuro. Segundo especialistas, além de prejudicar o desenvolvimento, a substância causa consequências comportamentais e alterações no sistema imunológico.
A pesquisa também constatou que, dentre os estudantes que afirmaram ter consumido algum tipo de bebida alcoólica na vida (82% dos entrevistados), 11% experimentaram antes dos 12 anos. Acostumado a atender casos de internação por alcoolismo cada vez mais precoces, o terapeuta holístico João Alberto Correia Maia conta que não existem níveis seguros de consumo de álcool na infância e adolescência. “A ingestão de bebidas, apesar de ser cultural, não deve ser incentivada pelos pais, até porque não se sabe se o jovem possui ou não predisposição para desenvolver a dependência”, afirma.
Proprietário de uma clínica para dependentes, João ressalta que as pessoas estão iniciando cada vez mais cedo no álcool. “Cerca de 90% dos pacientes que chegam para internação relatam ter ingerido álcool pela primeira vez antes da maioridade”, declara. Segundo ele, a substância afeta o sistema nervoso central, que não está totalmente desenvolvido até a adolescência. “As consequências são problemas comportamentais, como ansiedade e agressividade”, expõe. “Já houve casos de pacientes com dependência aos 12 anos”, exemplifica.
Também para a professora da disciplina de Saúde Coletiva do curso de Medicina da Pontifícia Universidade Católica (PUC) Sorocaba, a infectologista em saúde pública Rosana Maria Paiva dos Santos, a ingestão precoce de álcool contribui para desenvolver a dependência cada vez mais cedo. “O consumo começa na casa, muitas vezes por influência dos próprios pais, e assim o hábito torna-se dependência, podendo evoluir até para uso de outras drogas”, diz. A atitude, que para ela representa a tentativa dos pais de controlarem a ingestão de bebidas, resulta em efeitos contrários. “As crianças e adolescentes passam a associar a substância a momentos agradáveis e o uso torna-se generalizado”, ressalta.
Um trabalho comunitário coordenado pela professora e desenvolvido pelos alunos de medicina confirma a iniciação precoce no álcool. “43% dos jovens entre 10 e 18 anos que atendemos já afirmaram ter experimentado bebida alcoólica”, destaca a médica. Feito há três anos, o estudo avalia crianças e adolescentes em áreas de vulnerabilidade social de Sorocaba, nos bairros Aparecidinha, Vila Sabiá, Habiteto, Nova Esperança e Vitória Régia. “Trabalhamos com a conscientização nessas regiões, a fim de evitar futuros problemas decorrentes do álcool”, finaliza, enfatizando a importância da prevenção.
Fonte: Cruzeiro do Sul
21
nov
O secretário nacional de Políticas sobre Drogas, Vitore Maximiano, destacou nesta quinta-feira, em audiência pública na Comissão de Seguridade Social e Família da Câmara dos Deputados, que 80% dos usuários de crack manifestam desejo de buscar tratamento. Este é um dos dados do estudo “Estimativa do número de usuários de crack e/ou similares nas capitais do País”, encomendado pela Secretaria Nacional de Políticas sobre Drogas (Senad) à Fundação Oswaldo Cruz (Fiocruz).
Conforme Maximiano, a maior parte dos usuários quer algum tipo de ação social como tratamento, mais do que um tratamento de saúde. Ele enfatizou ainda que o uso do crack está, em geral, associado ao uso do álcool. “É a droga que mais gera problemas para a família brasileira”, enfatizou.
Foco em adolescentes e no Nordeste
A pesquisa mostrou que os usuários regulares de crack ou de formas similares de cocaína fumada (pasta-base, merla e oxi) somam 370 mil pessoas nas 26 capitais brasileiras e no Distrito Federal.
Segundo o secretário, isso representa 0,8% da população nas capitais brasileiras. Segundo ele, chama atenção o fato de que 50 mil usuários são menores de 18 anos, o que demanda políticas públicas específicas para adolescentes.
“A prevalência é maior nas capitais do Nordeste do que nas próprias capitais do Sudeste, o que também nos chamou bastante atenção, na medida em que os meios de comunicação têm mostrado o problema sobretudo nas grandes cidades do Sudeste”, complementou.
Ações
Entre as ações do governo, o secretário destacou o programa de financiamento de vagas para usuários em comunidades terapêuticas, sendo 4.070 vagas ofertadas em todos os estados brasileiros. “As comunidades realizam acolhimento, e não internação”, explicou.
Ele citou ainda o programa nacional de teleatendimento, que funciona 24 horas por dia, com 80 consultores contratados, que podem auxiliar familiares, professores e os próprios usuários.
Fonte: Jornal do Brasil
20
nov
13
nov
Eles venceram mais uma vez! Giovanni Andrade, ex-morador das ruas de São Paulo e dono do cinturão de boxe e David Valente, há seis anos no MMA, longe das drogas garantiram a vitória no “Nocaute às Drogas”, evento de artes marciais que levou histórias de superação e incentivo ao esporte.
Os dois combates foram esperados ansiosamente no evento que reuniu diversas lutas amadoras e profissionais, que movimentou mais de cinco mil pessoas e agitou o Ginásio do Rexona em Curitiba, dia 10 de novembro, sob a organização dos grupos voluntários “Curitiba Te Quero Sem Drogas” e “Força Jovem”.
“A luta é contra o que vem destruindo a juventude”, disse Andrade recordista de nocautes na categoria supergalo, que venceu o argentino L.A Severo. Ele dividiu um pouco de sua história desde que saiu da Bahia, mendigou em São Paulo e hoje é reconhecido mundialmente através do esporte. Exemplo seguido pelo atleta David Valente que, literalmente, nocauteou as drogas e levantou o público com sua esperada vitória dentro do octógono. Ele se livrou do vício através do esporte, e hoje vive das artes marciais. “Cheguei a vencer combates drogado, então pensei que meu rendimento poderia ser melhor sem as drogas”, comemora.
Franky Wisley, também garantiu sua primeira vitória no MMA profissional com o apoio de sua mãe, que se realiza ao vibrar pelo filho herdeiro de sua paixão pelas artes marciais. Para ele, esse esporte pode ser o caminho para que os dependentes se desenvolvam socialmente. “Das pequenas coisas que conseguimos superar às mais difíceis.“ Ele destacou ainda que, através de autoridades, eventos como esse “alcançam jovens, ajudam no crescimento do esporte e da cidade”.
O idealizador do evento e presidente da Frente Parlamentar Contra o Crack, Valdemir Soares, comemora o sucesso do “Nocaute às Drogas”, com foco no estímulo de práticas esportivas e alerta sobre as consequências negativas do consumo de drogas. “O crack tem ceifado milhões de vidas. Centenas de voluntários, que já foram ressocializados através de palestras do movimento ‘Curitiba Te Quero Sem Drogas’ e de eventos esportivos, começaram o processo de desintoxicação e hoje são jovens livres da droga e multiplicadores da mensagem de conscientização”, salienta o parlamentar.
Fonte: Paraná Shop
12
nov
A transformação radical de um veterano de guerra norte-americano registrada em vídeo, rendeu mais de 12 milhões visualizações no YouTube. Jim Wolf viveu durante décadas na rua e foi vítima da miséria e do alcoolismo. O vídeo mostra, em dois minutos e meio, a sua primeira transformação radical no sentido da reabilitação.
No vídeo, Wolf explica que, em setembro passado, rendeu-se ao convite da ONG “Degage Ministries”, que se encarrega de reinserir os veteranos de guerra em situação de indigência, tanto nos EUA como em outros países do mundo. A primeira grande transformação de Wolf começa pelo seu aspeto físico, um fato que ficou registado em vídeo em forma de “timelapse”. Já com a barba e o cabelo cortados e arranjados e vestido com um terno, o ex-militar vê-se no espelho, sorri e abraça quem o ajudou a dar o primeiro passo no sentido da reabilitação.
De acordo com a ONG que o apoia, Wolf tomou controle da sua vida, aguarda que lhe seja cedida uma casa e frequenta as sessões dos Alcoólicos Anônimos.
Fonte: Jornal de Notícias
31
out
Pesquisa aponta que quase metade dos jovens entrevistados assumem ter experimentado bebida alcoólica pela primeira vez em casa.
O alcoolismo na juventude tem preocupado entidades e órgãos de saúde brasileiros. Recente estudo publicado pela Organização Mundial de Saúde (OMS) revelou que o país ocupa o terceiro lugar no ranking mundial em consumo de álcool entre os adolescentes. Quase metade dos jovens entrevistados relata ter experimentado o álcool pela primeira vez em casa.
Especialistas alertam que quanto mais cedo se iniciar o consumo de bebidas alcoólicas, maior a possibilidade dos jovens se tornarem dependente. Outra recente pesquisa aponta que 70% dos brasileiros consumiram bebidas nos últimos 30 dias.
Para o jovem Eduardo Cavalcante, 19 anos, o incentivo por parte dos pais e tios para o consumo de álcool sempre foi muito presente. Porém, ele diz evitar a bebida. “Nunca consegui beber um gole de cerveja ou qualquer outra bebida. Meu pai é o maior incentivador, já me ofereceu, mas nunca quis o acompanhar bebendo nas mesas das festas de família”, relata o adolescente.
Eduardo Cavalcante faz parte de uma minoria apontada pela pesquisa, que revelou que o primeiro gole costuma ser precoce ainda na adolescência e em casa, como afirma a OMS.
Especialistas responsáveis pelo estudo afirmam que é importante que os pais se imponham, ao informar sobre os possíveis efeitos da bebida alcóolica, mas que não devem se impor de forma agressiva, mas orientar os filhos e criar um canal aberto para conversa.
Para o psiquiatra Ralph Trajano, que atua no Centro de Atenção Psicossocial Álcool e Drogas (Caps AD), no bairro Macaúba, zona Sul de Teresina, a problemática do consumo excessivo e de dependência do álcool em adolescentes, parte inicialmente do descumprimento da lei que restringe a venda do produto a maiores de 18 anos.
O especialista aponta outro agravante: “No Brasil, temos os carnavais que são regados e patrocinados pelo álcool, fica quase que impossível que as pessoas não criem e aprendam hábito de beber. A sociedade precisa deixar de ser hipócrita e parar de querer segregar e tratar as pessoas como doentes, se ela mesma é a causadora disso”, explica o especialista que também é presidente da Associação Piauiense de Psiquiatria.
30
out
Ministério da Justiça revela que 30% das mulheres já engravidaram enquanto estavam reféns do vício.
A história de Jéssica, 25 anos, que, apesar de já ser mãe pela terceira vez, está curtindo a maternidade somente agora, depois de conseguir se libertar do vício em drogas é um exemplo do problema das grávidas dependentes.
“Já tive outros dois filhos, mas estava sob o uso de drogas e não senti o que era ter um neném. Não fiz pré-natal e não me cuidei. Estou recebendo cuidados médicos há quatro meses. Nas outras duas vezes em que fiquei grávida, não deixei de usar álcool, cocaína e crack. A sorte foi que as crianças se desenvolveram bem. Decidi me internar para ser mãe de verdade. Hoje, vejo tudo que perdi, até mesmo os enjoos, o sono e a grande fome que sinto me fazem mais feliz, pois são sinais de que meu bebê está bem”.
grávida e usuária /Segundo estatística do Ministério da Justiça, no Brasil quase 30% das usuárias de crack já engravidaram durante o tempo de uso da droga. Entre as mulheres entrevistadas, cerca de 10% relataram estar grávidas e outras 10% disseram que não sabiam se estavam. Entre elas, 22,8% disseram já ter engravidado duas ou três vezes desde que iniciaram o uso da droga.
O diretor do Centro Terapêutico Araçoiaba, Valter Lattanzio, diz que é comum realizar internações de usuárias grávidas. “Apenas neste ano, já tivemos mais de 30 pacientes grávidas. Aqui, elas recebem todo o acompanhamento médico, fazem o pré-natal e, muitas vezes, dão à luz e voltam para a clínica com o bebê”.
A maioria das mulheres usuárias e que engravida não sabe quem é o pai, vem de uma família desestruturada e quando não ficam com os filhos, eles são criados pela avó materna ou entregue em abrigos. “Elas não têm apego à criança. Por isso também trabalhamos o lado sentimental das mães.”
Tratamento de graça
O Plano Crack é Possível Vencer visa aumentar a oferta de serviços de tratamento e atenção aos dependentes químicos e seus familiares. Em Sorocaba, as áreas atendidas pelo programa são: Aparecidinha, Vila Barão, Nova Esperança, Lopes de Oliveira, Ana Paula Eleutério, Parque São Bento, Parque das Laranjeiras e Vila Sabiá.
Minicracolândias viram abrigo para dependentes
Uma comissão que trata as problemáticas do crack em Sorocaba identificou dez minicracolândias na cidade. De acordo com o presidente da comissão, o vereador Rodrigo Manga, nesses locais foram encontradas três mulheres grávidas. “Nestes casos têm de haver internação involuntária, pois elas estão fora de controle”, afirma.
Para que isso ocorra, Sorocaba precisa da implantação do Cratod que toma medidas emergenciais. Ainda segundo o parlamentar, a rede de tratamento aos usuários de drogas é falha. “Contamos com apenas um Caps [Centro de Atenção Psicossocial] 24 horas. Para uma população com quase 700 mil habitantes, o ideal era ter mais duas unidades”, destaca.
Por causa da demanda, há demora no atendimento. “O usuário começa o tratamento 120 dias depois que procurou ajuda. Até lá, a pessoa já voltou para o mundo das drogas e as clínicas femininas estão superlotadas”, conclui.
Fonte: Agência Bom Dia
29
out
Empresa de bebidas lança cartilha para ajudar os pais a conversar sobre isso com os filhos.
Como abordar o tema de alcoolismo em casa? É sobre isso que aborda o projeto educacional Papo em Família, parceria da Ambev com a Turma da Mônica, da Mauricio de Sousa Produções. O objetivo é conscientizar pais para que tenham conversas sobre bebidas alcoólicas com os filhos, explicando que crianças não podem consumir. Segundo Ricardo Rolim, pai de Lucca e Gabriel, diretor da Ambev, “a questão é como abordar o tema em casa. Quando a criança é mais nova, o pai deve ser autoritário. Quando estiver mais velha, deve haver o diálogo”, explica. O objetivo da cartilha elaborada pela Ambev com as caricaturas de Mauricio de Sousa é tornar o conteúdo mais leve para ser abordado de acordo com a idade da criança.
Segundo a Ambev, 67% dos menores de 18 anos já compraram bebidas alcoólicas. Estudo realizado pelo instituto americano International Center for Alcohol Policies (ICAP) aponta que 46% dos jovens consumiram álcool pela primeira vez no âmbito familiar, dentro de casa. Muitos pais não têm consciência de que é prejudicial e não sabem como tocar nesse assunto com os filhos ou pensam que deixar experimentar não faz mal.
“A minha família sempre teve hábitos saudáveis e passou uma imagem positiva para mim. Meu pai conversou abertamente comigo e explicou o que poderia acontecer caso eu ingerisse álcool”, conta Mônica, filha de Mauricio de Sousa, que inspirou os quadrinhos da Turma da Mônica. No Brasil, 98% dos pais acham importante ter essa conversa com os filhos, mas quase um terço deles contam que não têm essa conversa porque não sabem como começar a falar.
O recomendável é que os pais orientem desde cedo que álcool é bebida de adulto. Não deixe copos ao alcance dos filhos e explique o motivo de ser proibido. O cientista social e professor da Faculdade de Saúde Pública da USP, Edemilson Antunes de Campos, filho de Sylvio e Anesia, foi um dos responsáveis por tornar a linguagem da cartilha mais simplificada. “O assunto deve ser acessível aos jovens”.
Evite
A médica especialista em prevenção e saúde coletiva Bettina Grajcer, mãe de Théo, Ian e Nina, conta que a cada dólar gasto em prevenção, você economiza 10 dólares em tratamento. As crianças costumam experimentar aos 13 anos e aos 15 já fazem uso regular da bebida alcoólica. Para evitar, os pais devem ter um papel ativo na vida dos filhos, com acompanhamento e vínculo afetivo para que não seja estimulado o consumo. “Você não deve impor a sua vontade, mas deve estabelecer limites”, explica a médica. O corpo da criança e o aspecto emocional estão em desenvolvimento, ela não está preparada para receber o álcool e isso deve ser retardado ao máximo. É um desafio que deve começar dentro de casa.
Material educativo:
A meta da Ambev é atingir cerca de 100 mil pessoas até o ano que vem. O material educativo e a cartilha estão disponíveis no site www.ambev.com.br/papoemfamilia.
Fonte: www.acidadevotuporanga.com.br
21
out
A ingestão de álcool durante a gravidez pode causar diversos problemas de saúde para o bebê. Em apenas dez minutos, a bebida pode aturar sobre a criança, já que possui livre passagem pela placenta. Além disso, durante a gravidez, o fígado do bebê ainda está em formação e metaboliza duas vezes mais lentamente o álcool ingerido pela mãe, comprometendo seu desenvolvimento saudável. Segundo dados da Organização Mundial de Saúde (OMS), a cada ano, 12 mil bebês no mundo nascem com a Síndrome do Alcoolismo Fetal (SAF).
A ginecologista Paula Bortolai explica que a SAF traz consequências irreversíveis.
— O problema pode comprometer o crescimento intrauterino, ocasionar distúrbios do comportamento, má formação na face e membros inferiores, má formação cardíaca e, ainda, aumento da taxa de mortalidade — afirma
A médica também alerta que, em alguns casos, os sintomas como defeitos físicos não são aparentes no nascimento, mas o bebê pode apresentar sequelas como alteração de peso ou ter implicações durante a infância.
O álcool também deve ser evitado pela mulher durante o tempo de amamentação.
— Nas crianças, a substância afeta o sistema imunológico, a fome e o sono, interfere na capacidade de sucção e ainda diminui o aporte de vitamina A, uma das responsáveis por defender o organismo contra infecções. O mais indicado é que a mãe corte de vez qualquer dosagem alcoólica nessa fase — orienta a especialista.
O consumo excessivo de álcool deve ser evitado pelo casal que deseja engravidar. A bebida pode comprometer a fertilidade feminina e, nos homens, afetar a qualidade do esperma e reduzir os níveis de testosterona.
— O álcool, por si só, já é um grande inimigo da saúde. Nas mulheres, por exemplo, pode causar falha da menstruação e da ovulação, diminuição da libido e a infertilidade — afirma a especialista.
Fonte: Zero Hora
21
out
Em busca de tratamentos mais eficazes contra a dependência, cientistas do National Institute on Drug Abuse (Nida/NIH), dos Estados Unidos, têm se dedicado a criar métodos para identificar e estudar pequenos grupos de neurônios relacionados com a sensação de fissura por drogas.
O grupo coordenado por Bruce Hope conta com o brasileiro Fábio Cardoso Cruz, ex-bolsista de mestrado e de pós-doutorado da FAPESP que acaba de publicar um artigo sobre o tema na revista Nature Reviews Neuroscience.
“Nossa linha de pesquisa se baseia no pressuposto de que a dependência é um comportamento de aprendizado associativo. Quando um indivíduo começa a usar uma determinada substância, seu encéfalo associa o efeito da droga com o local em que ela está sendo consumida, as pessoas em volta e a parafernália envolvida, como seringas, por exemplo. Com o uso repetido, essa associação fica cada vez mais forte, até que a simples exposição ao ambiente, às pessoas ou aos objetos já desperta no dependente a fissura pela droga”, afirmou Cruz.
Evidências da literatura científica sugerem que essa memória associativa relacionada ao uso da droga com os elementos ambientais seria armazenada em pequenos grupos de neurônios localizados em diferentes regiões do encéfalo e interligados entre si – conhecidos em inglês como neuronal ensembles.
“Quando o dependente depara com algo que o faz lembrar da droga, esses pequenos grupos neuronais são ativados simultaneamente e, dessa forma, a memória do efeito da droga no organismo vem à tona, fazendo com que o indivíduo sinta um desejo compulsivo pela droga que é capaz de controlar o comportamento e fazer com que o dependente em abstinência tenha uma recaída mesmo estando ciente de possíveis consequências negativas, como perda do emprego, da família ou problemas de saúde”, disse Cruz.
Por meio de experimentos feitos com animais, os pesquisadores do Nida mostraram que apenas 4% dos neurônios do sistema mesocorticolímbico são ativados nesses casos de recaída induzida pelo ambiente. “São vários pequenos grupos localizados em regiões do cérebro relacionadas com as sensações de prazer, como córtex pré-frontal, núcleo accumbens, hipocampo, amígdala e tálamo”, contou.
Segundo Cruz, a maioria dos trabalhos que buscam entender a neurobiologia da dependência e descobrir possíveis alterações moleculares relacionadas com comportamentos que levam à recaída avalia todo o conjunto de neurônios presente em amostras de tecidos cerebrais em vez de focar apenas nesses pequenos grupos.
“Acreditamos que uma alteração realmente significativa pode ser mascarada por mudanças nesses outros 96% dos neurônios não relacionados com a recaída. Por isso buscamos metodologias para estudar especificamente esses 4%”, explicou.
Uma das estratégias descritas no artigo publicado na Nature Reviews Neuroscience faz uso de uma linhagem de ratos transgênicos conhecida como lacZ. Os animais são modificados para expressar a enzima ?-galactosidase apenas nos neurônios ativos.
“Nós colocamos o animal em uma caixa e o ensinamos a bater em uma barra para receber cocaína. Depois de um tempo, movemos o animal para uma caixa diferente, na qual ele não recebe a droga quando bate na barra. Chega uma hora em que o animal para de bater na barra. É como se estivesse em abstinência. Mas quando o colocamos de volta na primeira caixa, ou seja, no ambiente que ele foi treinado a receber a droga, ele imediatamente volta a bater na barra à procura da droga”, contou Cruz.
Nesse momento, os pequenos grupos neuronais são ativados no rato pelos elementos do ambiente. Os pesquisadores administram então uma substância chamada Daun02, que interage com a enzima ?-galactosidase e se transforma em um fármaco ativo chamado daunorubicina, que provoca a morte desses neurônios ativos.
“Esperamos cerca de dois dias para o fármaco concluir seu efeito e, quando colocamos novamente o animal no ambiente associado à administração da droga, ele não apresenta mais o mesmo comportamento de busca da substância. É como se a fissura tivesse sido apagada após a morte desse pequeno grupo de neurônios relacionado com esse comportamento de recaída”, contou Cruz.
Outra técnica descrita no artigo também faz uso de animais transgênicos capazes de expressar uma proteína fluorescente apenas nas células ativadas. “Com auxílio da citometria de fluxo, conseguimos isolar apenas essas células que ficam fluorescentes e então procuramos por possíveis alterações moleculares. Podem ser alterações estruturais, como aumento no número de espinhos dendríticos, o que aumenta a interação sináptica e deixa o neurônio mais sensível. Podem ser proteínas intracelulares que também aumentam a atividade desses neurônios”, explicou.
Uma vez identificadas essas alterações, acrescentou Cruz, elas vão se tornar alvos para o desenvolvimento de fármacos capazes de tratar de forma mais eficiente a dependência. “Não existe hoje um medicamento realmente eficaz, tanto que cerca de 70% dos usuários de cocaína sofrem recaída após um período de abstinência. No caso do álcool, o número é maior que 80%”, afirmou.
Fonte: Agência Fapesp
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